O Instituto Oswaldo Cruz, da Fundação Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em parceria com o laboratório Carlos Chagas, da Fiocruz no Paraná estão desenvolvendo um teste molecular capaz de diagnosticar precocemente a hanseníase. O protótipo que deve estar disponível na rede pública de saúde em dois anos.
Leia também: Casos de hanseníase caem 34% no Brasil, mas ainda são problema de saúde pública
A novidade já está em fase de validação e registro. De acordo com o chefe do laboratório, Milton Moraes, a ideia é colocar o produto que detecta hanseníase mais precisa e rapidamente à disposição dos principais laboratórios do país.
“Nos últimos 10 anos, o Laboratório de Hanseníase da Fiocruz tem investido em um exame para diagnóstico baseado na detecção da micobactéria que causa a doença”, explica ele. Com os avanços no protótipo, Moraes acredita que a criação desse mecanismo facilitará o tratamento da doença.
“Estes projetos hoje estão desenvolvidos em um ponto que já podemos oferecer ao paciente – em um centro de referência como o nosso – o diagnóstico preciso para que ele possa ser tratado adequadamente”, afirmou ele.
A doença infecciosa, conhecida popularmente por lepra, causada pela bactéria Mycobacterium lepra, afeta 25 mil pacientes por ano no Brasil. Ao detectar a enfermidade precocemente, é possível também interromper a transmissão e evitar novos casos.
Segundo Moraes, o recurso utilizado atualmente para diagnosticar a hanseníase é por meio de um teste sorológico, menos sensível para perceber a doença quando o paciente tem poucos bacilos. “O teste molecular é feito com a biópsia de pele ou o raspado dérmico do lóbulo auricular. Coloca-se em um tubo, recupera-se o DNA do material e ele é testado para o DNA da micobactéria. Pode ser uma lesão precoce, ainda sem a deformidade, que é um dos problemas maiores da doença quando ocorre o diagnóstico tardio”.
Leia também: OMS pede mais empenho do Brasil para eliminar hanseníase
Hanseníase tem cura
Mesmo sabendo que há tratamento para a doença, e com a queda no número de casos desde 2000, ainda são registrados 200 mil novos casos a cada ano no mundo todo. Só no Brasil, em 2016 foram 25 mil casos.
O Ministério da Saúde informa que a enfermidade pode ser tratada na rede de atenção primária de saúde que pode ser encontrada em todos os municípios do país, principalmente nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, áreas onde se concentra a maioria dos casos.
Por ser infecciosa, - mas não hereditária - familiares e pessoas que tiveram contato com vítimas da doença devem se dirigir a alguma unidade de saúde para fazer o exame de contato, pois ainda há possibilidade dessas pessoas serem infectadas.
A hanseníase atinge a pele e nervos periféricos, podendo causar incapacidade física. Os sintomas são dormência, manchas esbranquiçadas com perda de sensibilidade e nódulos avermelhados nas regiões afetadas. Ao perceber algum dessas características, o paciente deverá ser encaminhado para um atendimento médico o quanto antes.
*Com informações da Agência Brasil
Leia também: Brasil teve 31 mil novos casos de hanseníase em 2013; entenda a doença