Quem nunca tomou ou conhece algum caso de picada de abelha ? A dor e o inchaço são bastante incômodos, o que faz com que muitas pessoas entrem em pânico ao se deparar com esse inseto, aparentemente, inofensivo.
Leia também: Nova droga pode fazer com que idosos voltem a distinguir sons
No entanto, o veneno que a abelha solta ao picar pode causar reações um pouco mais graves, principalmente quando a pessoa tem alergia. Pensando nesses casos, o Instituto Vital Brazil (IVB), vinculado à Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, está desenvolvendo uma medicação inédita que vai agir contra a substância.
Em parceria com o Centro de Estudos e Venenos de Animais Peçonhentos da Universidade Estadual Paulista de Botucatu (Cevap/Unesp), os pesquisadores estão trabalhando em uma tecnologia de produção e um soro próprio, que deverão, inclusive, ser exportados para outras nações, já que países asiáticos já manifestaram interesse nesse sentido.
Desenvolvimento
Há um ano o soro antiapílico vem sendo testado. Dez pessoas que tiveram múltiplas picadas de abelha estão recebendo a medicação, e os resultados têm empolgado os pesquisadores. “Nesta fase de testes, a gente vê segurança. Nesses dez pacientes em que o soro foi aplicado, correu tudo bem, na medida do esperado”, afirmou o médico veterinário Luís Eduardo Cunha, assessor da diretoria científica do IVB e doutorando em medicina tropical pela Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Leia também: Falta de antibióticos está colocando pacientes em risco no mundo todo
Para este mês, o instituto solicita à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a extensão, por mais um ano, da atual fase de testes, chamados estudos clínicos, com a intensão de testar o soro em mais 10 pacientes, antes que o remédio seja registrado e disponibilizado.
“Até julho do ano que vem, a gente tem que totalizar 20 pacientes, que é o número que estabelecemos para esse estudo. Como a gente não pode inocular o veneno nas pessoas e depois o soro para testar, e tem que esperar acontecer os casos, isso dificulta um pouco o processo. A gente necessita que os casos aconteçam naturalmente e que sejam perto de onde a gente tem soro”, indicou o assessor da diretoria científica do IVB.
Casos
De acordo com as últimas informações do Ministério da Saúde, embora ainda provisórias - conforme observou Cunha -, apontam que em 2014 ocorreram pouco mais de 14 mil casos de picadas de abelha no Brasil. Já no ano seguinte, o número recuou para 13 mil registros, caindo ainda mais em 2016, com aproximadamente 12 mil casos.
Nos últimos três anos, a incidência por 100 mil habitantes revela sete óbitos por veneno de abelha em 2014, 12 em 2015 e 25 em 2016. A média é 30 mortes por ano para 10 mil a 12 mil acidentes, revelou o assessor do IVB.
A maior prevalência de casos de picada de abelha é entre crianças e idosos. Cunha salientou que, proporcionalmente, o resultado é muito parecido ao que acontece com os casos de mortes com picadas de serpentes, em que são registrados atualmente 110 óbitos para cerca de 30 mil envenenamentos.
Leia também: Conheça a história do "homem casca" que sofre de tipo raro de psoríase