Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP apontou que o uso de células derivadas do fígado embrionário poderia retardar a progressão da fibrose hepática e diminuir os riscos da cirrose.
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Em um experimento realizado em ratos, foi possível constatar que essas células podem modular o surgimento de fibras no fígado, como resposta às lesões e atrasar o desenvolvimento da cirrose em doenças hepáticas crônicas.
A fibrose hepática acontece no processo de cicatrização do fígado , quando ele é agredido com frequência. “O consumo de álcool em excesso, hepatites virais, colestase biliar (causada por acúmulo excessivo de bílis, fluido produzido pelo fígado que tem a função de emulsificar as gorduras do corpo) causam inflamação no fígado e a fibrose, que se não for tratada adequadamente pode evoluir para cirrose”, afirmou o autor da pesquisa, o médico veterinário Márcio Aparecido Pereira.
Pessoas em estágio final de doenças hepáticas crônicas acabam desenvolvendo cirrose, que é considerada a 14ª maior causa de mortalidade mundial. Uma das explicações para o alto índice está no tratamento à condição, que não é tão simples de fazer, já que depende do transplante do fígado e a demanda pelo órgão é muito maior do que a quantidade de doadores. Pensando nisso, Pereira considerou utilizar as células derivadas de fígado embrionário, que tem potencial anti-inflamatório, imunomodulador e regenerativo.
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Estudo
Para chegar ao resultado, foi feito um experimento com células embrionárias de fígado de ratos de laboratório com 14,5 dias de gestação. Ao serem coletadas e cultivadas, essas células foram aplicadas no órgão de animais doentes por meio da veia porta hepática, que dá acesso ao sangue até o órgão.
Ao serem submetidos à terapia celular, os ratos tiveram uma redução significativa à progressão da doença, com a inflamação reduzida e a regeneração hepática avançada aos animais submetidos à cirrose por ligadura do ducto biliar.
Além disso, outra análise acompanhou a intensidade da necroinflamação dos tecidos hepáticos analisados, e também percebeu uma menor inflamação nos ratos que receberam o tratamento.
Porém, mesmo com os resultados promissores, ainda é preciso muitos outros estudos para que a terapia possa ser aplicada com segurança e eficácia em pacientes humanos, evitando complicações para o fígado, como a cirrose.