Doenças respiratórias, canceres, impactos socioambientais, danos à saúde pública, gastos por parte do governo... a lista sobre os riscos do tabaco à sociedade parece não ter fim e a cada dia essas informações ficam mais esclarecidas no entendimento da população. Mas é preciso reforçar que não é apenas o cigarro comum que causa esses problemas.
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Sabe aquele narguilé que você fuma só aos finais de semana com os amigos? Ou aquele cigarro eletrônico que você acha que vai te ajudar a parar de fumar? Até mesmo aquele feito de palha que te disseram que não fazia mal porque era “natural”? Todos esses artefatos oferecem os mesmos riscos do tabaco quanto qualquer outro tipo de fumo, e servem como estratégias das indústrias de tabaco para atrair os jovens ao vício.
Para ilustrar a importância da conscientização, o Ministério da Saúde informa que ao consumir qualquer uma das possibilidades existentes no mercado do cigarro, o indivíduo acaba introduzindo aproximadamente 4.700 substâncias tóxicas, incluindo a nicotina, que é a responsável pela dependência química.
Além dela, o monóxido de carbono - mesmo gás venenoso que sai do escapamento de automóveis – e o alcatrão – formado por mais de 50 substâncias cancerígenas, como agrotóxicos e elementos radioativos – também acabam entrando no organismo.
Não adianta procurar. Para os fumantes que querem seguir por um caminho menos prejudicial à saúde, meio ambiente e econômia, o ideal é largar o fumo. “Não existe nenhum cigarro que seja saudável. Não há nenhuma alternativa que seja segura à população”, decreta a Presidente da Comissão de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Penha Uchoa Sales.
Narguilé: água não filtra as substâncias nocivas do tabaco
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma única tragada no utensílio inspirado na cultura oriental pode ser o equivalente ao volume da fumaça inalada de um cigarro inteiro. Isso porque a quantidade de nicotina , alcatrão, monóxido de carbono e outros metais pesados é maior em sua fumaça, comparada a um cigarro industrializado.
“Também é preciso levar em conta que uma rodada do uso do narguilé pode durar de 30 minutos a 1h30, o que pode potencializar ainda mais os prejuízos”, alerta Penha.
Os fumantes deste aparelho usam uma mistura de tabaco, geralmente saborizada, que é aquecida, gerando uma fumaça que passa por um filtro de água antes de ser aspirada por meio de uma mangueira. No entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta que o filtro de água não é o suficiente para deter os compostos tóxicos e cancerígenos gerados, e o sabor não é garantia de que o produto faz menos mal ao organismo.
Para a pneumologista, é fundamental que a população, especialmente a parcela jovem, esteja informada sobre a presença de substâncias danosas nos dispositivos que são conhecidos como alternativas ao cigarro. “Por meio de sabores e aromas que tornam o produto mais agradável, a indústria acaba mascarando os perigos e o fato de todos eles estarem associados à dependência”, ressalta Penha.
Algumas pesquisas também confirmam a presença de atividade biológica pela fumaça do aparelho, o que é capaz de comprometer o crescimento e a regeneração celular. “A fumaça do narguilé pode desencadear Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e doença vascular, além de induzir inflamação, estresse oxidativo e envelhecimento celular precoce”, salienta Carlos Alberto de Assis Viegas, pneumologista e membro atuante do Fórum de Tabagismo da SBPT.
Outras doenças como canceres de pulmão, fígado, oral, doenças cardíacas e impotência também podem estar associadas à essa prática.
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Cigarro eletrônico: melhor evitar
Outro mito que circula a cultura popular é que o cigarro eletrônico seria uma opção para quem quer parar de fumar, já que o dispositivo não oferece mal a saúde.
No entanto, a OMS alega que essa afirmação é errada e por conta da falta de informação e estudos que comprovem os riscos desse tipo ferramenta, a orientação é que o uso seja evitado.
O aparelho funciona como piteira e possui um cartucho substituível, preenchido com um líquido composto de propileno glicol, nicotina e substâncias aromatizantes, conforme o gosto do usuário. Para fumar, é preciso aspirar uma névoa contendo pequenas gotículas do líquido e a nicotina desejada para manter a dependência.
Apesar de ter uma menor concentração de nicotina, substâncias alergênicas, explosivas, teratogênicas – capazes de causar malformações no desenvolvimento do feto – e cancerígenas foram encontradas nesse tipo de cigarro, por isso sua utilização não é recomendada.
De acordo com a Anvisa, órgão que regulariza a industrialização e venda do tabaco no Brasil, a comercialização de cigarros eletrônicos está proibida, por meio da Resolução de Diretoria Colegiada da Anvisa, RDC 46, de 28 de agosto de 2009.
Cigarro de palha: relação com câncer de boca e garganta
Com a desculpa de que é “natural”, muita gente já aderiu ao cigarro de palha para continuar o vício. Pela falta de popularidade nas áreas urbanas durante décadas, as informações sobre os malefícios do consumo desse tipo de fumo deixaram a desejar e persiste assim até hoje.
Mas, segundo pesquisas realizadas sobre essa prática, os resultados comprovam que esse tipo de cigarro está fortemente associado ao câncer de boca e de garganta. Além disso, por não possuir filtro, a exposição aos malefícios é ainda maior e o vício é inevitável, já que contém nicotina.
Tabagismo mata
Dados da OMS afirmam que o tabagismo mata mais de 7 milhões de pessoas em todo o mundo anualmente. Já no Brasil, estima-se esse vício seja responsável por 200 mil óbitos ao ano
, de acordo com a Anvisa.
Ainda segundo a Anvisa, o consumo do cigarro é, reconhecidamente, uma doença crônica, devido à dependência causada pela nicotina, e os riscos do tabaco estão relacionados a cerca de 50 doenças, como vários tipos de câncer, DPOC, doenças cardiovasculares, tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, entre outras.