Sabe aquela bombinha de asma esquecida no fundo da gaveta de medicamentos, antes usada para aliviar a falta de ar de quem sofria com os chiados no peito? Pois é, de acordo com alguns pesquisadores, aquele spray ainda poderá ser útil, mas agora para ajudar a prevenir os problemas de outra doença: o Parkinson.
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Um estudo recente revelou que o salbutamol, princípio ativo de remédios broncodilatadores, usados no tratamento da asma, é capaz de proteger o paciente de desenvolver a condição neurológica, pois a substância contida naquele pequeno aparelho impede o acúmulo de células anormais de proteína no cérebro, características do Parkinson .
A descoberta está sendo comemorada como um "marco" pela ciência. A pesquisa, realizada por cientistas noruegueses e norte-americanos, está sendo encarada como uma porta para novos caminhos que poderiam levar ao desenvolvimento de tratamentos efetivos para a doença que, até hoje, não tem cura.
O autor do estudo, o professor Trond Riise, chama a atenção para o fato de este tipo de medicamento nunca ter sido relacionado ao problema neurodegenerativo. "Nossas descobertas podem ser o início de um tratamento totalmente novo e possível para esta doença grave. Esperamos que estudos clínicos sigam essas descobertas”, afirmou ele.
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Pesquisa
Pesquisadores da Universidade de Bergen e especialistas da Universidade de Harvard testaram compostos promissores em neurônios humanos, cultivados em laboratório, e em animais. Durante o experimento eles puderam perceber que tais células nervosas são destruídas quando há a presença da doença, pois afetam a produção de dopamina, o que provoca a dificuldade de se movimentar.
Eles descobriram que o salbutamol teve efeitos positivos na parada da perda progressiva de neurônios. Os resultados mostraram que a droga desligou o gene responsável pela acumulação de proteína alfa-sinucleína no cérebro.
Na tentativa de definir se os efeitos realmente puderam ser observados em populações reais, os especialistas examinaram uma base de dados de prescrição de drogas na Noruega. Foram examinados mais de 100 milhões de prescrições – e seus pacientes - que foram emitidas em todo o país nos últimos 11 anos.
Com a análise, foi possível perceber que 0,1% daqueles que nunca usaram o inalador desenvolveram a doença. O resultado foi comparado com o fato de que menos de 0,04% deles que dependiam de salbutamol para controlar os problemas da asma .
Apesar de saberem que é preciso que muitas outras pesquisas ainda sejam realizadas, o neurologista do Baylor College of Medicine Joseph Jankovic declarou à Science que tem certeza que este vai ser um documento histórico sobre o tema.
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