A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou na terça-feira (19) a proibição da comercialização e uso do herbicida “Paraquate”. A substância, utilizada na agricultura brasileira, serve para combater ervas-daninhas em culturas de milho, algodão, soja, feijão e cana-de-açúcar, por exemplo. A suspensão do produto se deu porque o produto químico pode provocar Parkinson.
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O estudo que apontou o risco de desenvolvimento de Parkinson – condição neurológica degenerativa que faz o paciente ter tremor, rigidez e distúrbios na fala - associado ao uso do herbicida é baseado em análises feitas durante nove anos, desde 2008.
De acordo com o relatório do GGTOX, grupo de trabalho de toxicidade da Anvisa, a substância foi classificada com teor toxicológico I, o que é considerado extremamente tóxico, segundo as evidências científicas.
A análise, feita em conjunto com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi possível constatar que o produto químico tem o poder de induzir aberrações cromossômicas em células somáticas in vitro e in vivo, em diferentes espécies, e por meio de vários canais de exposição, inclusive dérmico.
A Fiocruz também considerou serem suficientes as evidências da literatura científica que podem associar o elemento à intoxicação aguda, mutagenicidade, desregulação endócrina, carcinogênese, toxicidade reprodutiva, teratogênese e doença de Parkinson.
Sendo essa última a que apresentou fortes indícios de responsabilidade pelo seu desenvolvimento. “Há um peso de evidência forte em estudos em animais e epidemiológicos indicando que o Paraquate está associado ao desencadeamento da doença de Parkinson em humanos”, informou a Anvisa.
Porém, a agência destaca que os riscos podem ser para quem trabalha e tem contato direto com o produto. Não foram encontradas evidências de que o resíduo permaneça nos alimentos. O prazo para o total banimento do Paraquate é de três anos.
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Doença neurodegenerativa
A condição, que não possui cura, também não goza de informações completas e suficientes para que sejam desenvolvidos tratamentos precisos e efetivos ou métodos de prevenção.
“O que sabemos é que há uma perda de neurônios que reduz os níveis de uma substância chamada dopamina. Por isso, quem é afetado começa a sentir os sintomas mais comuns, como o tremor, lentidão, perda de equilíbrio e rigidez”, explica a doutora Carolina Candeias, neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
A doença é neurodegenerativa, ou seja, há a destruição progressiva e irreversível dos neurônios, que são as células que fazem o sistema nervoso funcionar. Nesses casos, com o tempo, o paciente com Parkinson perde os movimentos e a capacidade cognitiva.
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