Quando a saúde não vai bem, seja por conta de uma febre insistente, um sinal na pele que não para de coçar ou dores incomuns, qual é sua primeira reação? Certamente uma grande quantidade de pessoas respondeu “buscar ajuda na internet” em vez de “procurar um médico”. Se esse foi o seu caso, saiba que você pode estar se enganando e ainda prejudicando sua saúde.
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Basta colocar os termos “sintomas”, “dor de cabeça” e “febre” no buscador on-line para que o “ Dr. Google ” mostre que essas são características comuns em casos de meningite, gripe ou dengue. Aí fica por conta do usuário escolher a doença que melhor se identifica e a sentença está dada.
Parece exagero, mas muitas pessoas estão “resolvendo” seus problemas de saúde desta forma. Esse comportamento está fazendo com que os médicos fiquem preocupados com o que eles estão chamando de “cibercondríacos”, aqueles pacientes que se autodiagnosticam por meio de pesquisas na internet .
De acordo com a professora e clínico geral Helen Stokes-Lampard, presidente do Royal College of General Practitioner, muitas pessoas acabam acreditando que têm tal doença, uma vez que foi “diagnosticada” pelo Google e isso está atrapalhando o trabalho dos profissionais da saúde.
Em outros países, especialistas já advertiram que esses pacientes estão colocando o National Health Service, algo como “Serviço Nacional de Saúde” do Reino Unido, em risco, já que a quantidade de pessoas que colocam em dúvida o trabalho do clínico geral só aumenta.
Em entrevista à revista “Pulse”, a professora Stokes-Lampard chegou a dizer que "o Dr. Google está presente em 80% das consultas” que ela tem agora. "Sinto que precisamos levantar os problemas que esse comportamento pode trazer ao paciente e trabalhar isso com cada um, particularmente. Temos que ser ousados e esse é um desafio para todos nós da área da saúde", completou.
A fala da presidente do Royal College of GP acontece em um momento em que muitas advertências sobre o problema do autodiagnóstico estão vindo à tona.
A Dra. Barbara Barrett, professora sênior em economia da saúde no King's College London, declarou no mês passado que uma em cada cinco pessoas sofre do que ela chamou de “health anxiety”, o que seria como uma ansiedade de saúde.
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Ela advertiu que muitos visitam hospitais com preocupações exageradas depois de pesquisar seus sintomas através de “Dr. Google” ou lendo sobre os problemas de saúde de uma celebridade.
Segundo ela, diversas vezes os pacientes acreditam que sua condição é muito mais severa do que realmente é, "apesar de todas as provas médicas estarem apontando o contrário", alertou Barret.
Além de causar uma preocupação desnecessária ou errônea, o paciente ao se autodiagnosticar pode tomar medidas por conta própria que podem estar prejudicando sua real condição de saúde, e fazendo com que o diagnóstico correto seja adiado, podem comprometer o tratamento adequado e uma recuperação sadia.
Uma pesquisa da Royal Pharmaceutical Society em novembro do ano passado apontou que pouco mais da metade dos adultos britânicos fazem o autodiagnostico quando estão fora de forma.
Outro estudo feito pela YouGov, empresa de pesquisa de mercado baseada na internet, com 2.000 adultos britânicos recentemente apontou resultados semelhantes, com 47% dos entrevistados admitindo avaliar seus sintomas no Google.
Procure um médico
Em 2012, pesquisadores da Universidade de Ciência de Hong Kong já haviam alertado a população sobre os perigos de usar o Google para elaborar um diagnostico. Eles reiteraram que a consulta com um médico, profissional preparado para essa função, é muito mais eficaz e pode resultar um diagnóstico mais preciso do que um usuário da web que procura respostas na internet poderia fazer.
O estudo ainda alertou que aqueles que procuram um diagnóstico no Dr. Google também podem interpretar os sintomas sem base científica e médica, o que facilita que algumas pessoas acreditem que seu estado de saúde é muito pior do que realmente é.
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