75% dos 1.006 casos de doença estavam ligados a sistemas comunitários de água potável, feitos pelos governos
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75% dos 1.006 casos de doença estavam ligados a sistemas comunitários de água potável, feitos pelos governos

Água clara não é sempre o mesmo que água potável – pelo menos é o que sugere dois relatórios sobre doenças relacionadas à ingestão da bebida, publicados na última quinta-feira (9) pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças ( CDC ), dos Estados Unidos. 

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Entre 2013 e 2014, um total de 42 surtos associados à água potável , causados por agentes patogênicos infecciosos, produtos químicos ou toxinas, relatados ao CDC em 19 estados do país. Os dois relatórios da instituição não incluem a contaminação por chumbo.

De acordo com as informações da rede de TV CNN,  os surtos deixaram ao menos 1.006 casos de doenças, 124 hospitalizações e 13 mortes nos estados do Alasca, Arizona, Flórida, Idaho, Indiana, Kansas, Maryland, Michigan, Montana, Nova York, Carolina do Norte, Ohio, Oregon, Pensilvânia, Rhode Island, Tennessee, Virgínia, West Virginia e Wisconsin.

“O número de casos ligados à ingestão de água aumentou muito em relação aos anos de 2011 e 2012”, afirma a autora do relatório e epidemiologista Kathy Benedict, da sede de prevenção de doenças transmitidas por água do CDC. “Isso pode revelar tanto o crescimento do número de doentes quanto as mudanças em relação à notificação, também sobre a capacidade dos estados de fazer essa vigilância”, acrescenta.

Um gênero de bactéria Legionella (do grupo de Gramn-negativas patogênicas) causou mais da metade (57%) dos surtos, 88% das internações e o total dos 13 óbitos, de acordo com o centro de pesquisas americano. Essas bactérias causam uma doença chamada de “doença do legionário”, uma espécie de pneumonia bacteriana grave, que pode ser mortal.

A Legionella está presente em ambientes aquáticos. Elas podem contaminar os reservatórios de água potável, por exemplo, durante inundações e enchentes, explica a presidente da Subra Co., Wilma Subra, consultora de meio ambiente.

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Apesar de a água contaminada passar pelo sistema de limpeza com cloro, antes de ser distribuída para as cidades, em alguns casos, a quantia de cloro acaba não sendo suficiente para toda a distribuição. “Então, se essa bactéria está lá e a água não recebe o tratamento apropriado antes de ser levada até a casa da pessoa... A bactéria irá crescer e proliferar, causando graves consequências para a população das regiões mais remotas do sistema de distribuição”, diz Subra.

Cryptosporidium, um parasita que causa uma doença diarreica, ainda causou cinco surtos citados pelo relatório do CDC; além disso, a Giardia, outro parasita de doenças diarreicas, foi responsável por outros três surtos.

Dentro do relatório, cinco surtos foram apontados com causas de produtos químicos ou de algas tóxicas em vez de bactérias ou parasitas.

O documento do CDC ainda aponta que 75% dos 1.006 casos de doença estavam ligados a sistemas comunitários de água, que são regulados pelo governo.

Como combater

Mas o que alguém pode fazer para evitar os problemas relacionados à ingestão de água contaminada? "Os cidadãos deveriam ser educados e capacitados para levar essas questões de saúde pública à frente: para os políticos eleitos, para as agências reguladoras”, observa Subra. “É realmente importante que os cidadãos possam identificar o que está acontecendo com a fonte de água potável de sua cidade, de seu bairro”.

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Assim, se a comunidade acredita que sua água pode estar contaminada, deve “pedir ou realizar um teste da água naquele local”, acrescenta a especialista. “Mas, é claro, que a grande maioria das pessoas que, por exemplo, utiliza poços artesanais individuais, não possui estrutura ou recursos para pagar tais testes”.

Por fim, Benedict pontua que “o fornecimento de água potável segura foi uma das conquistas de saúde pública mais importantes do século 20”, e que “os investimentos na atualização e manutenção de sistemas de tratamento e distribuição são muito importantes”.

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