Segundo a OMS, 10,5% dos medicamentos falham em sua eficácia por serem falsificados ou de má qualidade
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Segundo a OMS, 10,5% dos medicamentos falham em sua eficácia por serem falsificados ou de má qualidade

A cada 10 medicamentos vendidos em países em desenvolvimento pelo menos um é falso ou de qualidade inferior, conforme revelou a Organização Mundial da Saúde (OMS), na terça-feira (28). Entre os produtos médicos mais falsificados em todo o mundo, antibióticos e remédios contra a malária ficam em primeiro lugar.

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A maior parte (42%) dos  medicamentos falsificados ou de má qualidade está concentrada no continente africano, enquanto nas Américas e Europa a taxa é de 21%. No entanto, o problema pode ser ainda maior, já que nem todas as nações enviaram os relatórios necessários para mensurar o levantamento.

Mesmo com a dificuldade de quantificar com precisão a dimensão da situação, uma análise baseada em 100 estudos que cobriram mais de 48 mil amostras realizadas entre 2007 e 2016 apontou que as falhas nos produtos médicos chegam a 10,5%.

De acordo com a nota emitida pela organização, “as pessoas estão tomando medicamentos que não tratam ou previnem doenças [...]. O que é um desperdício para sistemas de saúde”.

Estima-se que o comércio de remédios falsos esteja em torno de US$ 30,5 bilhões nos países de média e baixa renda.

Além disso, o uso de drogas que não são eficientes aumenta o perigo de resistência aos antibióticos, o que ameaça o poder dos medicamentos regulamentados. Como consequência desta situação dezenas de milhares de mortes acontecem ao redor do mundo, especialmente em crianças que recebem tratamentos precários para pneumonia e malária na África.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ressaltou o peso do problema. "Imagine uma mãe que desista de alimentos ou de outras necessidades básicas para pagar o tratamento da criança, sem saber que os remédios são inadequados ou falsificados, e esse tratamento faz com que o filho morra. Isso é inaceitável”.

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Regulamentação

Logo após assumir o cargo de diretora-geral assistente da OMS, a médica brasileira Mariângela Simão, também responsável pela área de medicamentos e vacinas, comentou sobre o desafio dos remédios falsificados em países de língua portuguesa e como a cooperação entre as nações lusófonas pode ajudar.

"A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa tem que retomar algumas relações na troca de experiências na produção local. Já existem algumas experiências em alguns países, mas mais do que isso, provavelmente, é relacionado aos mecanismos de regulação de qualidade de medicamentos. Alguns países de língua portuguesa têm agências reguladoras mais fortes. Por agência reguladora, estou dizendo aquela agência que controla a qualidade do produto que está entrando no país."

A OMS cita o Brasil por ter liderado um grupo de trabalho de países que desenvolveu orientações para fortalecer a estrutura institucional e procedimentos que contribuíssem para o combate à produção e venda de produtos falsificados e de baixa qualidade.

Internet

Segundo a entidade, uma das vilãs que mais colaboram para o crescimento da produção irregular desses produtos é a internet. A ferramenta é uma ameaça crescente com o aumento do comércio farmacêutico online, que inclui as vendas de remédios que não obedecem os padrões de qualidade.

O relatório mostrou diversos farmacêuticos na África que admitiram comprar remédios de fornecedores mais baratos pela internet, e que não são, necessariamente, os mais seguros. A OMS chama atenção que as drogas falsas podem conter doses incorretas, ingredientes errados, ou nenhum ingrediente ativo.

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