No Dia Mundial de Combate à Aids, comemorado nesta sexta-feira (1º) um caso está chamando atenção da comunidade médica e científica por ser considerado um passo bastante significativo para um possível tratamento que possibilite a cura da Aids.
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O caso, publicado na revista científica “Annals of Oncology” hoje, apontou que um medicamento criado para combater câncer conseguiu reduzir “drástica e persistentemente” a quantidade de células infectadas pelo HIV mais difíceis de serem reconhecidas em um paciente com Aids.
Quando uma pessoa infectada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana toma os antirretrovirais, apesar de ter as células infectadas neutralizadas, elas não são eliminadas totalmente. Isso obriga o tratamento para o HIV ser feito pela vida toda.
Porém, no caso de um homem soropositivo de 51 anos, que teve sua identidade preservada, ao receber um tratamento para câncer de pulmão, foi detectado que o medicamento utilizado estava agindo sob o HIV.
A droga, nivolumab, é aprovada em diversos países, inclusive o Brasil – desde 2016 -, e foi capaz de reduzir significativamente o tamanho dos “reservatórios latentes” do paciente, como são conhecidos os depósitos das células de HIV que não são eliminas com o tratamento tradicional.
Apesar do bom resultado, os autores do artigo admitem a necessidade de mais testes para comprovar a tese de que o medicamento realmente funciona e pode ser a cura da Aids . O líder do estudo, o professor Jean-Philippe Spano, chefe de oncologia médica do Hospital Pitié-Salpêtrière em Paris, na França, ressalta, porém, que essa é a primeira vez que a teoria de que o nivolumab fosse eficaz no combate ao HIV.
“Foi pensado, mas até agora não demonstrado, que os remédios inibidores dos pontos de controle imunológico (como o nivolumab) poderiam, de forma semelhante, despertar células latentes infectadas pelo HIV e também as defesas imunológicas contra o vírus”, declara Spano.
Casos de HIV voltam a aumentar
Aproveitando a data, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) fez um alerta nesta sexta-feira para o alto número de crianças que contraem o vírus no mundo: a cada hora, 18 menores são infectados . Desse modo, se a tendência persistir, até 2030, existirão 3,5 milhões de casos novos.
Os dados constam no relatório Statistical Update on Children and Aids 2017 (Atualização das Estatísticas da Infância e a Aids , em tradução livre) divulgado hoje. Ainda de acordo com a Unicef, os progressos na prevenção e controle da doença entre os adolescentes são “inaceitavelmente” lentos.
Somente em 2016, 120 mil crianças abaixo dos 14 anos morreram por causas ligadas ao vírus, além de 55 mil adolescentes que foram vítimas fatais no mesmo ano, sendo que 91% eram da África Subsaariana. “É inaceitável que nós continuemos a ver tantas crianças morrerem, enquanto tão pouco progresso acontece para proteger adolescentes de novas infecções”, aponta o Chefe da Unicef para HIV , Dr. Chewe Luo.
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