As chances de mulheres que fazem ou fizeram uso de remédios anticoncepcionais com hormônios terem câncer de mama é 20% maior em comparação com as que não usam esse tipo de medicação. A conclusão foi publicada em um artigo no periódico “The New England Journal of Medicine”.
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As informações são de um estudo recente, que analisou 1,8 milhão de pessoas do sexo feminino na Dinamarca, e concluiu que quanto mais velha a mulher fosse e maior fosse o período total de uso do anticoncepcional , o risco também aumentaria. Por exemplo: as entrevistadas com menos de um ano de uso tiveram probabilidade de 9% de desenvolverem o câncer. Já para as que usaram anticoncepcionais hormonais por mais de 10 anos, o o perigo chegava a ser de 38%.
Não é nenhuma novidade que esses medicamentos podem causar danos à saúde. No entanto, cientistas acreditavam que as novas fórmulas dos anticoncepcionais - com menos estrogênio -, pudessem ser menor perigosas.
Porém, os dados não foram positivos. Segundo os pesquisadores, a contracepção hormonal foi responsável por um caso extra de câncer de mama a cada 7.690 mulheres por ano. O que corresponde a um índice alto, levando em conta que 140 milhões de mulheres usam esse tipo de medicamento em todo o mundo.
O estudo mostra que "a busca por um anticoncepcional oral que não eleva o risco de câncer de mama precisa continuar", conforme declarou o Dr. David Hunter, da Universidade de Oxford, em um editorial do periódico.
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Devo abandonar o anticoncepcional?
Para o especialista, o uso desse tipo de medicamento é importante, e não deve ser abolido. "Além do fato de que eles fornecem um meio eficaz de contracepção e podem ajudar mulheres com cólicas menstruais ou sangramento menstrual anormal, o uso de anticoncepcionais orais está associado a reduções substanciais nos riscos de câncer de ovário, endométrio e colorretal mais tarde na vida. Na verdade, alguns cálculos sugerem que o efeito líquido do uso de anticoncepcionais orais por 5 anos ou mais é uma ligeira redução no risco total de câncer ", afirmou Hunter.
O chefe de cirurgia de mama da Columbia University Medical Center em Nova York, que não estava envolvido com o estudo, completou a defesa do remédio. "Eu não acho que [nenhum médico] vai dizer para parar de tomar contraceptivos orais. Isso não é necessário e não é indicado pelos dados”, disse o Dr. Roshni Rao.
"Mas isso mostra um risco aumentado, então, para as pessoas que não têm uma ótima razão para tomar anticoncepcionais orais, ou são passíveis de alternativas, talvez elas devam pensar sobre isso", completou ele.
Como alternativa, existem o DIU de cobre - anticoncepcional sem hormônio –, preservativos e, para mulheres que já tiverem filhos ou não querem ter, ligadura de trompas.
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