No último ano 600 mil pessoas apresentaram resistência à rifampicina, antibiótico mais efetivo contra a tuberculose
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No último ano 600 mil pessoas apresentaram resistência à rifampicina, antibiótico mais efetivo contra a tuberculose

Apesar de o número de diagnósticos e mortalidade por tuberculose ter diminuído no Brasil, a quantidade casos anuais ainda assusta. Só em 2016 foram 75 mil notificações novas e reincidentes da doença. Mas a informação mais alarmante está relacionada ao avanço de bactérias resistentes aos antibióticos mais usados nos tratamentos da condição.

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Nos últimos anos, quase duas mil pessoas com tuberculose desenvolveram esse tipo de resistência no País. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2017 foram confirmados dez casos de pessoas com resistência extrema.

Em outros países da América, como o Peru, a situação de alta resistência aos antibióticos da infecção já é considerada epidemia pela organização. “É uma epidemia. A resistência extrema está em fase de crescimento alarmante no Peru. No Brasil, temos pouquíssimos casos, que se conta nos dedos das mãos e estão bem controlados, recebendo tratamento específico”, disse Fábio Moherdaui, consultor nacional de tuberculose da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

No entanto, não apenas as Américas que precisam se preocupar com a epidemia. De acordo com a organização, as bactérias da doença resistentes aos principais medicamentos de tratamento já são uma ameaça no mundo todo.

Estima-se que no último ano foram registrados 600 mil novos casos de resistência à rifampicina , antibiótico mais efetivo contra a tuberculose. Dentre esses casos, 490 mil também eram resistentes às outras drogas que compõem a terapia contra a infecção. Metade dos casos foi diagnosticada na Índia, China e Rússia, países que junto ao Brasil e a África do Sul compõem o bloco chamado Brics.

Até o momento, pelo menos 700 mil pessoas já morreram por resistência antimicrobiana e um quarto desses óbitos foram por tuberculose. Se o número de casos de resistência aos antibióticos seguir essa tendência, até 2050 morrerão cerca de 10 milhões de pessoas devido à ineficácia dos antibióticos, ou seja, uma pessoa a cada três segundos, conforme as estimativas internacionais.

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Impacto econômico

Para tratar a tuberculose resistente, é necessária a combinação de sete medicamentos, o que gera um alto impacto financeiro. O custo para tratar casos de resistência antimicrobiana em todo o mundo pode chegar a US$ 100 trilhões.

Além disso, o tempo de tratamento de pessoas com esse tipo de condição também é mais longo. “O problema da multirresistência é que você consegue curar só metade das pessoas [com o tratamento comum]. E os 50% que sobram vão para outro tratamento de resistência, que leva 18 meses, ou seja, três vezes mais demorado que o tratamento básico”, explica Valeria Rolla, coordenadora do laboratório de micobacterioses da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Ciente da gravidade da situação, o Ministério da Saúde anunciou, durante a Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças de 2017, que está desenvolvendo um plano estratégico de prevenção e controle de resistência aos antimicrobianos.

O programa deve ser executado a partir deste ano até 2022 e tem como uma de suas prioridades a implantação de um sistema nacional de vigilância dos casos de resistência, além de promover ações de educação com estudantes, profissionais e gestores de saúde sobre o tema.

*Com informações da Agência Brasil

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