O aumento de sintomas de ansiedade em pessoas idosas pode servir como um alerta para o início do desencadeamento de Alzheimer, conforme aponta um estudo publicado nesta sexta-feira (12) no The American Journal of Psychiatry.
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Segundo a pesquisa, quanto maiores as taxas de proteína associada ao alzheimer , a beta amiloide, mais intensos e significativos se tornavam os sintomas de ansiedade. Isso porque a proteína envolve neurônios e dificulta a comunicação entre eles, tornando-se um gatilho, por exemplo, para os característicos problemas de memória relacionados à doença.
A análise, feita por cientistas da Brigham and Women’s Hospital, nos Estados Unidos, observou que os níveis elevados do composto poderiam piorar os sintomas neuropsiquiátricos. Sendo assim, a tese ajuda a sustentar a hipótese de que a aparição ou piora de problemas de saúde mental podem significar uma manifestação precoce da doença em adultos mais velhos.
Para chegar a esses resultados, os cientistas estudaram durante cinco anos o comportamento de 270 homens e mulheres cognitivamente normais, com idades entre 62 e 90 anos.
Anteriormente, outros estudos já haviam constatado que a depressão, por exemplo, também pode ser um preditor da doença, que pode ser desenvolvida após 10 anos do agravamento dos sintomas.
No entanto, dessa vez os pesquisadores puderam perceber um traço específico da depressão, a ansiedade, que costuma vir associada à doença.
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10 milhões de novos casos a cada ano
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 47 milhões de pessoas sofrem com o Alzheimer em todo o mundo, sendo que a cada ano mais 10 milhões de novos casos são identificados. Conhecida como a forma mais comum de demência, responsável por até 70% dos casos, apesar de ainda não ter cura, a condição pode ter menos impacto quando diagnosticada com antecedência.
Nas fases iniciais, os sintomas da condição podem ser muito sutis. Frequentemente começam por lapsos de memória, dificuldade em encontrar as palavras certas para objetos do dia a dia, desorientação de tempo e espaço, guardar coisas fora de lugar, alterações de humor e isolamento social e do trabalho.
- Falhas de memória frequentes, principalmente em relação a acontecimentos recentes;
- Discurso vago durante as conversas;
- Sem entusiasmo, mesmo para realizar atividades anteriormente apreciadas;
- Leva mais tempo para fazer atividades de rotina;
- Pessoas ou lugares conhecidos passam a ser esquecidos;
- Incapacidade para compreender questões e instruções;
- Deterioração de competências sociais;
- Imprevisibilidade emocional.
Reconhecer esses comportamentos e relatar a um médico pode aumentar a oportunidades de ampliar o estilo de vida mais produtivo por mais tempo. Quanto mais cedo for identificada a condição, maiores são as chances de o paciente participar em pesquisas que podem identificar novos tratamentos e melhora nos cuidados.
Fatores de risco
Uma característica que pode influenciar no desenvolvimento da demência é a idade, porém, ela não é uma consequência irreversível do envelhecimento. Além disso, pessoas mais novas também podem ser afetadas, com cerca de 9% dos casos sendo de indivíduos com menos de 65 anos.
Pesquisas revelam que é real o vínculo entre a ocorrência de comprometimento cognitivo e fatores de risco relacionados ao estilo de vida, como sedentarismo, dietas não balanceadas, tabagismo, obesidade, consumo excessivo de álcool, diabetes e hipertensão arterial. Depressão, baixo nível educacional, isolamento social e inatividade cognitiva são sintomas importantes, que também podem estar associados ao diagnóstico.
Segundo a Associação Portuguesa dos Familiares e Amigos dos Doentes de Alzheimer (Alzheimer Portugal), a doença provoca uma deterioração progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas (memória, atenção, concentração, linguagem, pensamento). Esta deterioração tem como consequências alterações no comportamento, na personalidade e na capacidade funcional da pessoa, dificultando a realização das suas atividades de vida diária.
Tratamento
Outra medida que pode influenciar positivamente na maior sobrevida do paciente são o tratamento e assistência adequados. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente o tratamento, por meio do qual é possível aliviar sintomas, além de estabilizar ou retardar a progressão da doença. Assim, o paciente poderá ter autonomia e independência funcional pelo maior tempo possível.
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