Em 2017 ocorreram mais de 275 mil focos de incêndio em todo o Brasil, sendo mais de 132 mil em estados amazônicos
Reprodução/Fapeam
Em 2017 ocorreram mais de 275 mil focos de incêndio em todo o Brasil, sendo mais de 132 mil em estados amazônicos

A inalação de fumaça pode ocasionar problemas críticos à saúde e, segundo um estudo recente feito por pesquisadores brasileiros, absorver partículas carregadas de toxinas que são liberadas das queimadas na Amazônia pode resultar provocar prejuízos sérios ao organismo, chegando até câncer de pulmão.

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Colaboradores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Fundação Oswaldo Cruz e Universidade Federal de Rondônia (Ufro), chegaram à conclusão de que quando se inala essa fumaça por um longo período, ainda que involuntariamente, é possível causar estresse oxidativo das células e danos genéticos irreversíveis.

A pesquisa é referente a uma tese de doutorado da bióloga Nilmara de Oliveira Alves, da USP. A equipe coletou amostras de material particulado fino em Porto Velho, uma das áreas mais afetadas pelas queimadas na região amazônica.

Estudo

Para chegar a esse resultado e entender como ocorre a contaminação, os pesquisadores expuseram em laboratório linhagem de células pulmonares às partículas, compostas por material tóxico, em concentração semelhante com as encontradas nas queimadas da Amazônia, analisadas com técnicas bioquímicas avançadas.

Essas análises permitiram medir o grau de inflamação e de lesão no DNA. Foi comprovado que o dano no DNA pode ser tão grave a ponto de a célula perder o controle e começar a se reproduzir desordenadamente, evoluindo para câncer de pulmão .

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Consequências

Para a pesquisadora Sandra Hacon, da Escola Nacional de Saúde Pública, e coordenadora do projeto Clima & Saúde da sub Rede de Mudanças Climáticas do INPE/INCT Rede Clima, as conclusões do trabalho são inéditas.

Segundo ela, pela primeira vez foi possível demonstrar que as partículas de queimadas da Amazônia, ao entrarem nos alvéolos pulmonares, causam danos genéticos nas células, podendo leva ao câncer de pulmão.

As crianças menores de cinco anos, prejudicadas pelo impacto das partículas com componentes cancerígenos da fumaça das queimadas, desenvolvem alergias respiratórias , que comprometem o aprendizado escolar.

Conforme a pesquisadora, os mais atingidos são principalmente famílias de baixa renda, que estão em áreas de risco sem alternativa de sair.

A pesquisadora acredita que algumas medidas podem ser adotadas pelas autoridades ambientais e de saúde, a fim de evitar o agravamento de doenças respiratórias na população, exposta a fumaça das queimadas.

“É uma questão de bom senso. Não faz sentido continuar esse processo de queimadas na Amazônia. A situação estava controlada, mas houve aumento acentuado nos últimos três anos. Uma alternativa é a montagem, pelas secretarias municipais de Saúde, de um sistema de vigilância das doenças respiratórias, de modo a ajudar a população das cidades onde as queimadas vem ocorrendo de forma sistemática.”

Nos meses de agosto, setembro e outubro os focos de incêndios dissipam uma nuvem de fumaça tóxica sobre a região amazônica. A população mais vulnerável é formada por crianças e idosos.

Dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, indicam que em 2017 ocorreram mais de 275 mil focos de incêndio em todo o território nacional, sendo mais de 132 mil em estados amazônicos.

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*Com informações da Agência Brasil

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