Crianças acima de dois anos podem receber a vacina contra febre amarela se não apresentarem nenhuma contraindicação
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Crianças acima de dois anos podem receber a vacina contra febre amarela se não apresentarem nenhuma contraindicação

Sete dias depois de tomar a vacina contra a febre amarela uma criança de três anos e quatro meses morreu em Osasco, Grande São Paulo, conforme informou a família do menino e o Hospital e Maternidade Renascença Osasco.

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A morte foi causada em razão de reação adversa da vacina contra febre amarela , de acordo com o laudo emitido pelo hospital. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), efeitos colaterais podem afetar entre 2% e 5% dos vacinados nos primeiros dias após a imunização, e as mortes são ainda mais raras, com estimativa de uma em cada 400 mil doses aplicadas.

No caso da criança, que não teve o nome divulgado, os familiares afirmam que o próprio pediatra do garoto foi quem orientou que ele recebesse a imunização, por não apresentar contraindicação e estar saudável.

Porém, dois dias depois da vacina , a criança começou a apresentar febre de 39 graus e muita ânsia de vômito. Depois, recebeu o diagnóstico de infecção de garganta e leve comprometimento no pulmão até que sofreu uma convulsão que provocou uma parada cardíaca.

Cuidados

O caso chamou a atenção de pais, cuidadores e pediatras para os riscos de efeitos adversos causados pela imunização. Além disso, outras questões como quais critérios devem ser respeitados para que uma criança receba a proteção e quais cuidados são necessários serem observados no caso de doses fracionadas também foram levantadas.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por meio de seus Departamentos Científicos de Infectologia e de Imunizações, divulgou na última sexta-feira (26) um documento com informações sobre a vacina contra febre amarela.

Quando tomar a dose fracionada

Desde o dia 25 de janeiro, São Paulo e Rio de Janeiro estão aplicando doses fracionadas  na população, por serem considerados estados com áreas de risco. Em fevereiro a Bahia também irá adotar a medida, que foi aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e as equipes responsáveis pelas vigilâncias epidemiológicas locais e recomendada pelo Ministério da Saúde.

Segundo o texto, o uso de doses fracionadas da vacina de febre amarela pode ser feito em crianças a partir de dois anos de idade, desde que não apresentem condições clínicas especiais, por isso vale a avaliação médica antes da administração da dose.

Naquelas com idades inferiores a essa idade, a SBP defende que seja aplicada a dose padrão. Isso porque os pediatras reconhecem que ainda não há estudos da dosagem fracionada para crianças menores de dois anos, gestantes e pessoas imunocomprometidas.

“É importante reconhecer que ainda existem lacunas em relação ao uso de doses fracionadas da vacina de febre amarela, como por exemplo, duração da proteção oferecida; imunogenicidade em populações específicas - crianças menores de 2 anos, gestantes e indivíduos que vivem com HIV; incidência de eventos adversos; e experiência com aplicação subcutânea de doses fracionadas com outras vacinas além da vacina 17DD de Biomanguinhos”, cita o documento.

O mesmo vale para o caso de crianças que forem fazer uma viagem internacional, cujo destino seja um país que exija o Certificado Internacional de Vacinação para ingresso.

Para aumentar ainda mais a segurança de pacientes e familiares, a Sociedade Brasileira de Pediatra destaca alguns pontos que devem ser observados na hora de receber a dose no posto de saúde.

Interferência de outras vacinas

O recebimento de diferentes vacinas ao mesmo tempo ou um no curto período também deve ser observado. De acordo com os pediatras, para evitar interferência na proteção conferida pelas vacinas, a vacina para febre amarela não deve ser administrada simultaneamente com a tríplice viral (contra sarampo, rubéola e caxumba) ou tetra viral (contra sarampo, rubéola, caxumba e varicela) em crianças menores de dois anos de idade.

“Para crianças que não receberam a vacina para febre amarela nem a tríplice viral ou tetra viral, a orientação é que recebam a dose da vacina febre amarela e agendem a vacina tríplice viral ou tetra viral para pelo menos 30 dias depois. As demais vacinas do calendário podem ser administradas no mesmo dia que a vacina febre amarela”, explica o presidente do Departamento Científico de Imunizações, Renato Kfouri.

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Quem não pode receber a vacina

Dentre outros grupos que não devem ser imunizados contra a febre amarela estão os das crianças com menos de seis meses de idade e pessoas que fazem uso de medicações anti-metabólicas ou medicamentos modificadores do curso da doença (Infliximabe, Etanercepte, Golimumabe, Certolizumabe, Abatacept, Belimumabe, Ustequinumabe, Natalizumabe, Canaquinumabe, Tocilizumabe, Ritoximabe e outros terminados com MOMAB, XIMAB, ZUMAB ou UMAB).

A regra também se aplica para os transplantados de órgãos sólidos e indivíduos com doença oncológica em quimioterapia e ou radioterapia.

No caso de mulheres moradoras de área com transmissão ativa da febre amarela e que estiverem amamentando criança menor de 6 meses de idade, pode ser administrada uma dose fracionada. No entanto, o aleitamento materno deve ser suspenso por 10 dias após a vacinação. Não se recomenda a imunização de mulheres nessas condições, residentes em áreas sem transmissão ativa da doença.

Nesses casos, o indicado é utilizar repelente e evitar o deslocamento para áreas de risco.

Reações

Assim como adultos, as crianças e adolescentes que possuem histórico de reação alérgica grave a ovo e gelatina, podem receber a vacina após avaliação médica e em ambiente com condições de atendimento de urgência ou emergência. Mulheres em idade fértil vacinadas devem evitar a gravidez até 30 dias após a vacinação.

No documento, a SBP reforça que a proteção contra a doença é, de maneira geral, bem tolerada. As reações, segundo os especialistas, podem surgir a partir do terceiro ou quarto dia da vacinação em 2% a 5% dos vacinados, que apresentam sinais como febre, dor de cabeça, dores musculares, entre outros sintomas.

Eventos adversos graves (reações anafiláticas, doença viscerotrópica e doença neurológica) foram raramente associados à vacina. No Brasil, entre 2007 e 2012, foram relatados aproximadamente um evento adverso grave em cada 250 mil doses administradas. Nos Estados Unidos, entre 2000 e 2006, o sistema de vigilância de eventos adversos após vacinas (VAERS) identificou uma taxa de 4,7 eventos adversos graves para cada 100 mil doses de vacina distribuídas”, traz a síntese.

Ao perceber alguma reação à vacina , a criança deve ser encaminhada ao hospital e lá o responsável deve informar ao médico sobre a data da vacinação contra febre amarela.

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