Preconceito e desinformação dificultam combate ao alcoolismo, alerta Tadeu, membro do A.A.
Marcos Santos/USP Imagens
Preconceito e desinformação dificultam combate ao alcoolismo, alerta Tadeu, membro do A.A.

O Brasil ainda comemora o Carnaval neste domingo (18), mas o dia também é de alerta a um tema delicado, já que sofre do preconceito e da ignorância de grande parte da população: o alcoolismo. Pode parecer estranho, mas a maioria dos brasileiros não sabe que se trata de uma doença, e não "de falta de vergonha na cara", como muitos dizem. 

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O dia 18 de fevereiro é lembrado como Dia Nacional de Combate ao Alcoolismo , data instituída exatamente para conscientizar as pessoas sobre a doença e todos os prejuízos que ela traz  – não só para a pessoa, como para a família, os amigos e a sociedade em geral. “Existe muito preconceito originado da desinformação. As pessoas acham que ter problema com a bebida alcoólica é falta de caráter, de vergonha na cara, e outras expressões pejorativas que acabam utilizando”, lembra o membro do grupo Alcoólicos Anônimos (A.A.), Tadeu T.B, sóbrio há três anos. 

Tadeu faz parte do comitê de divulgação do A.A. Ele aponta que, por ser um assunto ainda visto de maneira preconceituosa, existe ainda mais dificuldade em aceitação da doença tanto pela pessoa quanto pela família.  “Vive-se em negação por muito tempo, dar o braço a torcer é muito difícil”, afirma. Afinal, mesmo depois que o alcoólatra aceite a ajuda, irá enfrentar um problema crônico que exige atenção para o resto da vida.

Ajuda necessária

Conforme conta Tadeu, há diversas maneiras de se informar e buscar ajuda, e uma delas é o A.A. “Há linhas diferentes de buscar solução para o problema. As políticas públicas buscam a redução de danos, enquanto o A.A., por exemplo, busca a abstinência total”, compara.

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Ele ainda lembra que o pai também é alcoólatra e conseguiu deixar o vício com tratamento psiquiátrico, utilizando remédios. “Tentei essa forma e comigo não funcionou”, diz. “É cultural, todas as ocasiões sociais são regadas a muita bebida. Então, a dificuldade é que, ao tirar esse momento, a pessoa não sabe o que fazer na vida, não tem perspectiva”, explicou.

O importante, segundo lembra, é que a pessoa busque apoio, independente de qual seja: médico, psicólogo ou grupos como o A.A. Vale lembrar que esta irmandade tem ao menos cinco mil sedes espalhadas por todo o Brasil, e não tem vínculos com nenhuma religião ou partido político.  É possível obter mais informações e orientações sobre o A.A. no site da organização. 

Números preocupam

Segundo dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), feita pelo Ministério da Saúde, em 2016, a frequência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas foi de 19,1%, sendo cerca de duas vezes maior em homens (27,3%) do que em mulheres (12,1%).

Para ser enquadrado como uso abusivo, a pesquisa considerou, para mulheres, a ingestão de quatro ou mais doses, enquanto, para homens, são cinco ou mais doses, isso em uma mesma ocasião dentro dos últimos 30 dias. 

Fator agravante

Outro fato bastante relevante sobre o problema é a mistura de álcool e direção. Segundo a Vigitel, houve aumento no percentual de brasileiros que combinam os dois fatores. Somente em 2016, 7,3% da população adulta das capitais brasileiras declararam que bebem e dirigem depois. No ano anterior, conforme o Ministério da Saúde, o índice foi de apenas 5,5%. Um aumento de 32%, dentro do período de um ano. 

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Também vale destacar que o alcoolismo (e o consumo exagerado de álcool ) pode ocasionar ou ser um agravante para diversas doenças, tanto fisiológicas quanto psicológicas e comportamentais. “Difícil achar um alcoólico que não pensou em se suicidar”, lembra Tadeu. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o uso nocivo do álcool é um fator causal para mais de 200 doenças e condições de lesão. No mundo, 5,1% da carga global de doenças e lesões é atribuída ao consumo de bebidas alcóolicas.

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