Pesquisadores identificaram 3,6 mil pacientes que foram internados após diagnóstico de overdose por opióide
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Pesquisadores identificaram 3,6 mil pacientes que foram internados após diagnóstico de overdose por opióide

O número de crianças que deu entrada em hospitais dos Estados Unidos com quadro de overdose por uso de medicamentos opioides quase dobrou desde 2004, segundo aponta novo estudo publicado nesta segunda-feira (5) na revista científica Pediatrics .

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De acordo com o portal CNN , o estudo observou casos de crianças e adolescentes entre 1 e 17 anos, que deram entrada em hospitais e unidades pediátricas de cuidados intensivos de 2004 a 2015. Pesquisadores descobriram que o número de menores que apresentaram quadro de overdose por uso dos opioides – como morfina, oxicodona e hidrocodona – praticamente dobrou – indo de 797 (entre 2004 e 2007) para 1,5 mil pacientes (de 2012 a 2015).

Com os dados em mãos, os pesquisadores apontam que a maioria dessas crianças apresentou problemas de saúde depois de fazer uso de medicamentos prescritos pelos próprios pais. “Existem dois cenários possíveis quando menores de idade entram nos hospitais: ou são adolescentes que fizeram uso de remédios para se drogar ou tentar se ferir, ou são crianças que fizeram uso das drogas de seus pais”, explica Dr. Jason Kane, autor do estudo e professor associado de pediatria e cuidados críticos no Hospital Comer, em Chicago.

Segundo o médico, o que “foi ainda mais impressionante é que, nas crianças mais novas, menores de seis anos, 20% dos casos de overdose eram por causa de metadona. Então, você precisa se perguntar: de onde estão obtendo toda essa droga?”.  Ainda conforme Dr. Kane, a metadona é uma substância prescrita para o tratamento de sintomas de abstinência e também como analgésico.

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Utilizando dados do sistema de informação de saúde pediátrica dos Estados Unidos, os pesquisadores identificaram 3,6 mil pacientes, em 21 hospitais em todo o país, que foram internados após diagnóstico de overdose por opioide.

Do total, pelo menos 43% foram encaminhados para a UTI, o que significa que são casos considerados críticos e de risco. “O que foi realmente impressionante para mim é o quão doente essas crianças estão, e que quase metade termina na UTI”, disse Kane. “Também é importante reconhecer que, em todo o país, há apenas cerca de 4.100 camas de UTI pediátrica, em contraste com o número de camas de UTI adulta, próximo de 78 mil”.

Vítimas mais velhas

O estudo divulgado hoje vem ao encontro de outra pesquisa publicada em 2016 que revelou que mais de 63 mil pessoas foram a óbito devido à administração excessiva de drogas naquele ano. De acordo com o Centro Nacional de Estatísticas de Saúde, parte dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, esse foi o ano mais letal para a epidemia de sobredosagem de drogas.

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Só em 2016 foram 64 mil mortes por overdose no país, superando os índices por arma de fogo e acidentes de trânsito. A tendência aumentou 36% em relação a 2014, quando o número era de 47.055 óbitos. Das mortes em 2016, estima-se que mais de um terço estejam relacionadas ao fentanil e seus análogos. "Os países da América do Norte, em particular os Estados Unidos e o Canadá, seguem enfrentando uma mortífera epidemia de impulsionada pela crescente disponibilidade de drogas de venda popular e adulteradas com fentanil", informou a organização da ONU.

E a taxa de mortes causadas por overdose, principalmente as provocadas por opioides sintéticos, que países da América do Norte atingiu “nível histórico”, segundo o último relatório que avaliou a situação das drogas no mundo, publicado pela Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) na última quinta-feira (1º).

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