Todas as unidades municipais de saúde do Rio de Janeiro registraram desabastecimento total da vacina pentavalente, conhecida por evitar tétano, coqueluche e hepatite B, aplicada logo na infância. A situação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde, que colocou a culpa das doses estarem em falta no Ministério da Saúde, responsável pelo fornecimento. O órgão afirmou que está trabalhando para regularizar a situação.
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Parte do calendário nacional de imunização, a administração da vacina é feita em três etapas: a primeira quando os bebês completam dois meses, depois quando estão com quatro e a última com seis meses. O nome, pentavalente, vem das cinco doenças que as doses protegem: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e outras infecções causadas pela bactéria Haemophilus influenzae tipo B, entre elas a meningite.
"Vacinas combinadas são uma tendência mundial. O calendário da criança cresceu em número de doses e de aplicações e é preciso otimizar. Isso não é novo. Essas vacinas já são usadas há muito tempo. Mas cada vez temos mais combinações", explicou a médica Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Segundo ela, não é de agora que os postos de saúde estão desabastecidos do imunizante. Nos últimos três anos, o Brasil já registrou vários casos de descontinuidade na distribuição da vacina pentavalente. Por ainda não ser desenvolvida no país, a proteção precisa ser importada. Porém, a produção em diversos países tem enfrentado problemas, impactando no mercado mundial e tem levado o Brasil a buscar fornecedores na Índia.
"A falta da vacina preocupa porque, se for por muito tempo, [a criança] pode perder cobertura vacinal. Atrapalha também a adesão da população. Quem vai ao posto e não encontra a vacina, nem sempre volta. E isso também pode levar a uma redução da cobertura", alertou.
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Situação
Apesar de as cinco doenças cobertas pela vacina estarem controladas no país, a SBIm alerta sobre a importância da não interrupção do fornecimento do imunizante, justamente para não haver reversão desse quadro.
O Ministério de Saúde informou que mantém a distribuição de vacinas em todo o país e está trabalhando para regularizar os estoques em casos pontuais, como do Rio de Janeiro. "No caso da pentavalente, já foi autorizado o envio de 1,2 milhão de doses para todo o país, sendo 90 mil para Rio de Janeiro", informou em nota. De acordo com a pasta, as doses chegarão aos estados nos próximos dias.
Por sua vez, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) disse ter recebido do Ministério de Saúde uma nova remessa no dia 15 de março e que a vacina está disponível para retirada dos municípios. O órgão, porém, não informou se as prefeituras do Rio de Janeiro e de Niterói retiraram o imunizante.
Medicamentos
A falta de insumos e medicamentos tem sido um problema recorrente nas unidades de saúde do Rio de Janeiro. Em dezembro do ano passado, conselhos regionais profissionais de medicina, nutrição, fonoaudiologia e fisioterapia se mobilizaram para manifestar receio com a situação na capital, considerada preocupante. Além da falta de pessoal em diversos hospitais, eles alegavam que 200 medicamentos, entre eles os voltados para pacientes com pressão alta e diabetes, estavam em falta mas unidades de atenção básica.
Na quinta-feira (23), o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, anunciou um investimento de R$ 37 milhões para a compra de medicamentos. "A nova remessa contempla 150 do total de 175 itens que compõem a grade da atenção primária, lista de remédios distribuídos aos pacientes das Clínicas da Família e dos Centros Municipais de Saúde", informou a prefeitura. Os remédios devem chegar até o dia 9 de abril.
Ainda de acordo com o município, outros R$ 110 milhões haviam sido destinados em novembro do ano passado para o mesmo fim e os estoques estão sendo repostos. Os pacientes que enfrentarem problemas devem registrar reclamação através do Disque-Remédio, canal de comunicação criado em janeiro e que funciona através do telefone (21) 2599-4760.
*Com informações da Agência Brasil