Em São Paulo, grávidas, crianças e pessoas com doenças crônicas tiveram baixa taxa de adesão à vacina contra gripe
Rovena Rosa/Agência Brasil
Em São Paulo, grávidas, crianças e pessoas com doenças crônicas tiveram baixa taxa de adesão à vacina contra gripe

A cidade de São Paulo vai continuar vacinando os munícipes contra gripe até o dia 15 de junho. A campanha, que ia, inicialmente, até a última sexta-feira (1º) foi prorrogada. Isso porque, segundo a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, a vacinação dos grupos prioritários atingiu apenas 59,1% da cobertura. Contudo, a meta era vacinar pelo menos 90% do público-alvo.

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Na capital paulista, os menores índices de cobertura ocorreram entre gestantes: apenas 36,8% das grávidas procuraram a proteção contra a gripe . Segundo a pasta, as crianças maiores de seis meses e menores de cinco anos também estão em falta nos postos de saúde, e somente 37,6% estão imunizadas.  Pessoas com doenças crônicas ou comorbidades ficam em terceiro lugar no ranking dos grupos que ainda faltam se vacinar, com 46,1%.

O público-alvo soma 3,3 milhões de pessoas e até a última sexta-feira tinham sido aplicadas 1,8 milhão de doses da vacina . Os idosos com mais de 60 anos são o grupo com melhor cobertura, com 980,5 mil imunizações, 72,5% do total.

Apesar de não ter conseguido bater a meta de vacinar 90% do grupo prioritário, a ampliação do prazo da campanha segue uma tendência nacional. Na semana passada, o ministro da Saúde havia dito que deveria estender a ação , em decorrência à greve dos caminhoneiros, que dificultou o acesso da população aos postos de saúde.

Para receber a dose, é preciso comparecer a um posto de vacinação com documento de identificação e, de preferência, com carteira de vacinação e cartão do Sistema Único de Saúde. Profissionais de saúde e educação devem apresentar holerite ou crachá. Pacientes com doenças crônicas devem levar a última receita médica com data dos últimos seis meses.

As doses aplicadas durante a 20ª Campanha de Vacinação contra a Influenza, programada pelo Ministério da Saúde, imunizam contra os três subtipos de gripe que mais circulam no inverno: A/ H1N1 , A/H3N2 e Influenza B.

Febre Amarela

Já a campanha de vacinação contra febre amarela foi estendida até o dia 30 de junho . Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, desde setembro do ano passado foram vacinadas 6,5 milhões de pessoas na capital paulista, o que representa 56,1% da população. A meta é vacinar 95% dos moradores.

“Quando a campanha começou, no ano passado, nosso foco eram as regiões de mata com condições para a permanência dos mosquitos que transmitem a febre amarela. Tivemos uma boa cobertura nas regiões Norte e Sul, mas agora precisamos intensificar também nas outras áreas da cidade, já que há grande circulação de pessoas tanto dentro da capital como para outras cidades com a circulação do vírus”, disse o secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara.

A vacina está disponível em todas as unidades de saúde da cidade, porém, não é recomendada para crianças menores de 9 meses de idade, gestantes, mulheres amamentando crianças com até seis meses e pacientes com imunodepressão de qualquer natureza.

Profissionais de saúde e educação devem apresentar holerite ou crachá. Pacientes com doenças crônicas devem levar a última receita médica com data dos últimos seis meses.

Tira-dúvidas

  • O que é Influenza? 

É uma doença viral febril, aguda, comumente conhecida como gripe, geralmente benigna e autolimitada.

Caracteriza-se por sintomas como febre, tremores, dores de cabeça, dor de garganta e rouquidão, além de alterações respiratórias, como tosse seca e coriza. A infecção geralmente dura, aproximadamente, uma semana.

Existem três tipos de vírus Influenza: A, B e C. O vírus Influenza C causa infecções respiratórias brandas, sem causar impactos na saúde pública ou estar relacionado com epidemias. Já os vírus A e B são responsáveis por epidemias sazonais. O vírus Influenza A é classificado ainda em subtipos H1N1 e H3N2, além do H7N9.

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  • Como acontece a transmissão?

Ocorre pelo contato com pessoas infectadas, ao tossir, espirrar ou falar. Pode ser transmitida ainda indiretamente pelas mãos, após contato com superfícies contaminadas por secreções respiratórias.

  • Quais são os sintomas da doença?

Pessoas com gripe podem apresentar febre, tosse ou dor na garganta, além de dor de cabeça, dor muscular e nas articulações. Já o agravamento pode ser identificado por falta de ar, febre por mais de três dias, piora de sintomas gastrointestinais, dor muscular intensa e prostração (cansaço extremo).

  • Como se prevenir?

A vacinação contra a gripe é a forma mais eficaz de evitar a doença, mas pequenas ações no dia a dia também podem ajudar, como manter as mãos sempre limpas, principalmente antes de consumir algum alimento; utilizar lenço descartável para higiene nasal; cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir; evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca; higienizar as mãos após tossir ou espirrar; não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas; manter os ambientes bem ventilados; evitar contato próximo com pessoas que apresentem sinais ou sintomas de gripe.

  • Quais vírus do tipo influenza circulam no país neste momento?

Existem dois grandes tipos de vírus influenza que acometem humanos: A e B que, por sua vez, possuem diversos subtipos.

Segundo Kfouri, os vírus sofrem pequenas variações todos os anos e é essa capacidade de fazer mutações leves que os faz chegar, no ano seguinte, causando uma epidemia. “É como se a população não reconhecesse aquilo como uma doença que já teve e acabe adoecendo novamente”, afirma.

“O Brasil é um país continental e, por essa razão, temos variações em relação aos subtipos de influenza que circulam neste momento. Goiânia, por exemplo, abriu a temporada com predomínio de circulação de H1N1. Já em São Paulo, temos casos confirmados e, inclusive, óbitos relacionados ao H3N2. Há, portanto, dentro de um país tão grande quanto o nosso, variações de regiões onde a epidemia anual pode se dar com mais intensidade por um tipo de vírus ou por outro”, explicou o especialista.

  • Quais as diferenças entre os dois tipos de vírus e qual pode ser considerado mais grave?

De acordo com o vice-presidente da SBIm, não há diferença clínica ou uma série histórica de infecções mais graves por um tipo de vírus ou por outro. “Isso depende dessa variação que comentamos. Um vírus que muda muito tende a ser muito diferente e a trazer infecções mais sérias porque não encontra uma memória de proteção na população por exposições anteriores.”

Kfouri ressalta que depende muito do tipo de vírus que vai circular. “Se houver predomínio de um H3N2 ou um H1N1 muito diferente do que vem circulando até então, as chances de encontrar uma população ainda não exposta e fazer doenças mais graves é maior. Isso teremos que acompanhar durante a estação”.

  • Como funcionam as vacinas contra a influenza usadas no Brasil?

As vacinas influenza disponíveis no Brasil são todas inativadas, ou seja, feitas com vírus morto, portanto, sem a capacidade de causar doenças. Até 2014, estavam disponíveis no país apenas as vacinas trivalentes - oferecidas pelo SUS -, contendo uma cepa A/H1N1, uma cepa A/H3N2 e uma cepa B (linhagem Yamagata ou Victoria).

As novas vacinas quadrivalentes - que podem ser encontradas na rede privada - são licenciadas desde 2015 e contemplam, além dessas três cepas, uma segunda B, contendo em sua composição, as duas linhagens de Influenza B: Victoria e Yamagata. Em 2018, as vacinas trivalente e quadrivalente terão uma nova cepa A/H3N2 (Singapore), que substituirá a cepa A/H3N2 (Hong Kong) presente no ano anterior.

  • Tomar a vacina dói? Quais as reações adversas esperadas após a aplicação da vacina? 

Os eventos adversos mais frequentes ocorrem no local da aplicação: dor, vermelhidão e endurecimento em 15% a 20% dos vacinados. Essas reações costumam ser leves e desaparecem em até 48 horas.

Manifestações sistêmicas são mais raras, benignas e breves. Febre, mal-estar e dor muscular acometem 1% a 2% dos vacinados de 6 a 12 horas após a vacinação e persistem por um a dois dias, sendo mais comuns na primeira vez em que tomam a vacina.

Reações anafiláticas são extremamente raras. Em caso de sintomas não esperados (febre muito alta, reação exagerada, irritabilidade extrema, sinais de dor abdominal, recusa alimentar e sangue nas fezes, entre outros), é recomendado procurar imediatamente o médico ou serviço de emergência para atendimento e para que sejam descartadas outras causas.

*Com informações da Agência Brasil

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