Em 2016, a média da mortalidade infantil ficou em 14 a cada mil nascimentos, 5% a mais do que em 2015
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Em 2016, a média da mortalidade infantil ficou em 14 a cada mil nascimentos, 5% a mais do que em 2015

Desde 1990 o Brasil não teve um registro de aumento na taxa de mortalidade infantil até a divulgação do índice de 2016, que ficou 5% mais alta comparada ao ano anterior. De acordo com o Ministério da Saúde, a tendência é de que a taxa referente a 2017 também supere o registrado em 2015. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

Entre as principais causas do crescimento da mortalidade infantil apontadas pela pasta estão a  epidemia do vírus da zika e a crise econômica.

Isso porque a doença causou queda de nascimentos e mortes de bebês por malformações graves devido a infecção pelo vírus da zika , enquanto a crise afetou no fatos que envolve mortes infantis evitáveis, causadas por doenças que poderiam ser evitadas caso não estivesse ocorrendo perda de renda das famílias, estagnação de programas sociais e cortes na saúde pública.

Em 2016, a média de óbitos infantis ficou em 14 a cada mil nascimentos, enquanto em 2015 esse número era de 13,3. Ainda assim, ficou abaixo da média da América Latina, que, entre 2015 e 2016, ficou estacionada em 18 óbitos infantis por mil nascimentos, segundo o relatório da Unicef. Já a tendência mundial é redução, de 42 para 41.

A previsão é que no ano de 2017 o Brasil continue com a taxa mais alta do que em 2015 e fique, no mínimo, em 13,6, mas ainda não foi divulgado nenhum número oficial.

Para calcular a taxa de mortalidade infantil, é considerado o número de mortos até 1 ano a cada 1.000 nascidos vivos. A taxa chamada de mortalidade na infância, que considera o número de crianças de até 5 anos mortas a cada 1.000 nascidos vivos, também é monitorada. Em 2016, foram 36.350 mortes nessa faixa etária, sendo 19.025 nos primeiros sete dias.

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Outras causas

Em 2015 e 2016 houve uma alta de 12% nas mortes de menores de cinco anos por diarreia, passando de 532 para 597. O Centro Oeste, Norte e Nordeste foram as regiões que se destacam: 48%, 25% e 8% de crescimento, respectivamente. Juntas, elas correspondem por 74% das mortes.

Mais uma vez a crise econômica pode estar relacionada à elevação da taxa, tendo em vista que essas causas estão muito ligadas aos determinantes sociais. A redução de emprego e de renda em geral podem ter contribuído para o aumento de casos de doenças.

Para a Fundação Abrinq, o corte de verbas e contingenciamento de orçamentos de programas como o Bolsa Família e a Rede Cegonha, que apoia mães na gestação e puerpério, podem ter contribuído também na piora dos indicadores infantis.

Dessa forma, o acesso aos serviços de saúde também foi prejudicado, o que também influencia na piora de outros indicadores, como o da taxa de vacinação . Um a cada quatro municípios tem cobertura abaixo do ideal em todas as vacinas obrigatórias para bebês e crianças, o que aumenta o perigo de ameaça para a volta de doenças já erradicadas .

Mortalidade infantil por estado

Os dados mostram que 20 estados brasileiros apontaram alta na mortalidade infantil no ano de 2016.

Amapá, Amazonas, Bahia, Pará, Piauí e Roraima tiveram, juntos, uma taxa de mortalidade média de 19,6 e aumento de 14,6% em comparação a 2015 - o que equivale a três vezes a alta nacional.

Apenas Rondônia, Acre, Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraná, Santa Catarina e Distrito Federal apresentaram redução de taxas em 2016.

São Paulo ficou com a quinta menor taxa de mortalidade infantil do país, com 11,09. No entanto, figura entre os que interromperam a tendência de queda, com alta de 2,7% contra a redução média anual de 4,1% entre 1991 e 2015.

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