Atualmente, pacientes com câncer de próstata costumam ser submetidos a 40 sessões de radioterapia para realizar o tratamento da doença. Com uma terapia chamada hipofracionamento moderado, é possível que esse número seja reduzido pela metade. No entanto, uma nova técnica que está começando a ser utilizada por hospitais brasileiros tem permitido diminuir a quantidade para apenas cinco.
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As primeiras iniciativas da radioterapia ultra hipofracionada já é oferecida no tratamento do câncer de próstata há alguns meses no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo e no Mãe de Deus, em Porto Alegre. O A. C. Camargo Cancer Center adotou a abordagem em dois casos neste mês. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo .
O procedimento é baseado em altas doses de radiação sobre o tumor, o que permite menos aplicações do que as técnicas convencionais. Conhecida também como hipofracionamento extremo ou SBRT, a terapia já é usada para tratar alguns outros tipos de câncer, como o de pulmão, por exemplo.
Além de permitir que as sessões diminuam, a abordagem também torna as sessões mais rápidas: o tempo, que costuma ser de 25 minutos, cai para oito.
Alguns estudos mostraram que a abordagem deve ficar restrita a pacientes com câncer de próstata, de risco baixo ou intermediário. Já os homens com problemas crônicos no trato urinário não devem procurar o tratamento, pois há risco de efeitos colaterais, como ardor e aumento da frequência urinária.
Apesar de ter sido bem aceito após dez estudos clínicos com alto nível de evidência, conduzidos em grandes centros de pesquisa, que comprovaram a eficácia da técnica, o modelo ainda está longe de ser acessível.
A popularização depende da disposição de aparelhos e modelos de remuneração com uma tecnologia que permita monitorar a localização precisa do tumor. Entre as opções estão o IGRT (radioterapia guiada por imagem), com pouca oferta no Brasil e sem ressarcimento pelo SUS e pelas operadoras. O Calypso, recém-instalado pelo Sírio Libanês, também trabalha com a emissão de sinais que proporcionam uma radiação certeira no tumor.
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Como identificar o câncer de próstata
Um dos maiores problemas da doença é que ela só tem chances reais de cura se diagnosticada na fase inicial, quando ainda não apresenta sintomas. Por isso, é de extrema importância que o homem faça o acompanhamento médico para realização do exame do toque retal e a medição dos níveis do PSA, o Antígeno Prostático Específico, substância produzida pelas células da glândula prostática - que são os procedimentos disponíveis até o momento.
A doença é silenciosa, mais um motivo para dificultar o diagnóstico, mas quando apresenta sintomas, eles podem ser sangramento na via urinária e dor. Quando isso acontece, geralmente o tumor já está em fase avançada.
Enquanto os homens em geral devem iniciar os exames periódicos a partir dos 50 anos, aqueles com histórico familiar, negros e obesos devem começar com 45, já que, estatisticamente, têm uma incidência maior de câncer de próstata.
O problema também é mais prevalente nas populações que ingerem uma quantidade maior de gordura animal. “A população americana tem mais câncer de próstata do que a japonesa. E um dado interessante é que, quando o japonês migra para os Estados Unidos, a segunda geração acaba tendo a mesma incidência da doença da população americana, porque essa geração adquire os costumes alimentares dos Estados Unidos.”
Tratamento da doença
Primeiro, o especialista avalia o grau de agressividade do câncer. Caso seja pouco agressivo, o paciente passará apenas por um acompanhamento chamado vigilância ativa, sem nenhum tipo de tratamento específico, que só deve ocorrer se o tumor progredir.
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Já os tipos de câncer de próstata mais agressivos exigem a cirurgia para a remoção da próstata e a radioterapia, que é um tratamento que foca na região onde está o tumor.