Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha revelou que quase metade dos brasileiros acredita que o atendimento da saúde vai piorar após a saída dos profissionais cubanos do Mais Médicos. O país caribenho resolveu deixar o programa após a eleição de Jair Bolsonaro.
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O Datafolha ouviu 2.077 pessoas em 130 municípios do país. As entrevistas foram feitas nos dias 18 e 19 de dezembro e a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
De acordo com o levantamento, 49% das pessoas acreditam que o atendimento na saúde deve piorar após a saída dos cubanos, enquanto 38% dos entrevistados disseram que acreditam que a situação deve melhorar. 8% acreditam que tudo continuará como está e 5% não quiseram opinar.
Segundo a pesquisa, moradores da região nordeste são os mais pessimistas em relação à saúde, seguidos pelo sudeste e pelo sul. Nas regiões norte e centro-oeste, existem mais pessoas que acreditam que o atendimento vai melhorar após a saída dos cubanos.
Os dados também revelam que os mais velhos estão mais otimistas que os mais jovens. No entanto, a métrica mais destoante é a de preferência partidaria. Enquanto 70% dos eleitores de Fernando Haddad (PT) acreditam que a saúde vai piorar, apenas 26% dos que votaram em Jair Bolsonaro (PSL) acham a mesma coisa.
O governo de Cuba anunciou sua retirada do programa Mais Médicos no mês de novembro. Com o objetivo de levar profissionais da saúde para o interior do Brasil, o programa contava com a participaçã de cerca de 9 mil atendentes cubanos.
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Em comunicado à imprensa, o ministério da Saúde de Cuba creditou a decisão às críticas do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que diversas vezes questionou a capacidade dos cubanos em atuar no Brasil. Ao todo, participam do programa Mais Médicos 18 mil profissionais - cerca de 47% deles, vindos da ilha socialista.
O programa foi criado em 2013 pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e visava a ampliar o atendimento médico no Brasil. Na época, dados do IBGE apontavam que mais de mil municípios no país não contavam com um profissional da saúde sequer.
Pelas regras instituídas, o intercambistas cubanos podia passar três anos no Brasil. Caso resolvessem revalidar seus diplomas de medicina, poderiam renovar o contato por igual período.
Um dia antes da divulgação da pesquisa Datafolha, o novo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mendetta, revelou algumas de suas diretrizes para a pasta. Entre seus projetos, o ex-deputado foi categórico ao afirmar que não vai convocar os médicos formados com auxilio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para ocupar as vagas deixadas pelos profissionais cubanos. "Nós vamos ter que trabalhar com políticas que induzem as pessoas a quererem trabalhar no nosso Sistema Único de Saúde (SUS)", disse.