Drone transportou, por cinco quilômetros, rim que foi entregue para paciente com falência renal
Mark Teske/University of Maryland School of Medicine
Drone transportou, por cinco quilômetros, rim que foi entregue para paciente com falência renal

Médicos e pesquisadores da Universidade de Maryland, em Baltimore, acabam de realizar um feito que pode ajudar a reduzir as filas de transplante em todo o mundo: em demonstração inédita, eles usaram um drone especialmente modificado para transportar um rim, que foi implantado numa paciente com falência renal.

O voo do drone foi curto, de apenas cinco quilômetros, mas ilustra o potencial desses equipamentos como método mais rápido, seguro e, principalmente, com maior disponibilidade para o transporte de órgãos.

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Para pacientes que esperam nas filas por um órgão, a compatibilidade é apenas o primeiro passo e o transporte, do doador ao centro hospitalar onde o transplante será realizado, é uma etapa crítica.

Sem circulação de sangue, os órgãos possuem um tempo máximo de sobrevida, conhecido como tempo de isquemia fria. Por problemas logísticos, muitos acabam sendo descartados. Nos EUA , a estimativa é que 20% dos rins aptos para transplantes não sejam aproveitados.

Em entrevista ao “New York Times”, Joseph Scalea, professor da Escola de Medicina da Universidade de Maryland e líder do experimento, contou que o projeto é uma resposta às suas próprias frustrações.

Em várias ocasiões, órgãos foram perdidos pela demora no transporte. Como exemplo, citou o caso de um rim coletado no estado do Alabama, que demorou 29 horas para chegar ao hospital onde trabalha. Os voos entre os dois estados duram cerca de duas horas.

"Se eu conseguisse em nove horas, o paciente provavelmente teria muitos anos de vida pela frente. Por que não podemos resolver isso?", afirmou Scalea.

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A tarefa, porém, não foi nada fácil. Os pesquisadores precisaram modificar um drone para atender tanto os padrões para o transporte de órgãos, como as exigências da Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA).

Eles criaram uma caixa especial para manter e monitorar o órgão; um drone com oito rotores e sistemas redundantes de transmissão; e sistemas de controle, monitoramento e comunicação com a aeronave.

"Nós tivemos que criar um novo sistema que ainda atendia a estrutura regulatória da FAA, mas também capaz de carregar o peso adicional de órgãos, câmeras, rastreamento, comunicação e segurança sobre áreas urbanas, densamente povoadas. E por longas distâncias. Há uma pressão tremenda por saber que existe uma pessoa esperando por esse órgão, mas é um privilégio fazer parte dessa missão crítica", explicou Matthew Scassero, da Escola de Engenharia da universidade.

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Antes de transportar o rim apto para transplantes, o drone passou por mais de 700 horas de voo em 44 testes. O equipamento possui hélices, motores e baterias de backup, além de um sistema de paraquedas para recuperação em caso de acidente. Dois pilotos monitoraram o voo, prontos para assumir o controle em caso de emergência.

"Nós construímos muitas redundâncias, porque queremos fazer de tudo para proteger a carga", explicou Anthony Pucciarella, diretor de operações da área de teste.

A paciente que recebeu o rim foi a assistente de enfermagem Trina Glispy, de 44 anos. Mãe de três filhos, ela descobriu que seus rins estavam falhando em 2011, quando recebeu um chute de um paciente e suas pernas incharam de forma excessiva. Desde então, ela precisa passar por diálise três vezes por semana, com sessões de quatro horas cada.

Ela contou que estava perdendo as esperanças, até receber uma ligação no último dia 18. No dia 23, ela recebeu alta. "Isso tudo é fantástico. Há alguns anos, não era algo que poderíamos imaginar", comemorou Trina.

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