Ministério da Saúde abriu nesta segunda-feira um novo edital do Mais Médicos com 2.037 vagas
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Ministério da Saúde abriu nesta segunda-feira um novo edital do Mais Médicos com 2.037 vagas

A aprovação em programa de especialização médica é o principal motivo alegado por médicos brasileiros convocados para substituir cubanos no Mais Médicos para deixar o programa. Três em cada cinco profissionais desistentes utilizaram o curso de residências como justificativa para deixar o programa. Os dados foram obtidos pelo Globo , por meio da Lei de Acesso à Informação. 

De novembro de 2018 a maio deste ano, 1.325 profissionais com registro no Brasil se desligaram do programa. Todos foram convocados para substituir as 8.332 vagas que eram ocupadas por profissionais na cooperação com Cuba. Motivos pessoais correspondem a 15% das desistências no programa. Os demais estão relacionados à aprovação em concursos públicos e outros motivos.

O tempo de permanência desses profissionais no Mais Médicos variou de uma semana a quatro meses. Os profissionais recebiam R$ 11.865,60, sem desconto no Imposto de Renda, por se tratar de uma bolsa.

“O programa absorveu os recém-formados que estavam fazendo plantão e provas de residência. Eram pouquíssimos que tinham interesse em saúde da família. Hoje, o que está segurando os profissionais no Mais Médicos é a crise econômica, já que o país lança centenas de pessoas no mercado todos os anos”, explica Carlos Eduardo Aguilera Campos, pesquisador da UFRJ na área de atenção primária e autor de estudos sobre o programa no Rio de Janeiro.

Novo edital

Na tentativa de solucionar parte do problema, o Ministério da Saúde abriu nesta segunda-feira um novo edital do Mais Médicos com 2.037 vagas voltadas para os municípios com maior vulnerabilidade. Esta é a segunda vez que a pasta abre o programa para novos interessados desde a saída dos médicos cubanos. As oportunidades estão distribuídas em 1.185 municípios considerados vulneráveis e 13 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs).

A expectativa do ministério é de que os médicos comecem a atuar já em junho. A pasta também declarou que vai criar um novo programa para ampliar os serviços de Atenção Primária à Saúde, que contemple as demais cidades.

Reportagem do Globo mostra que a não reposição desses profissionais agravou a situação da saúde dos municípios. Seis meses após o governo de  Cuba  anunciar sua saída do  Mais Médicos , quatro em cada dez cidades brasileiras (42%) - onde profissionais do país atuavam no momento do encerramento da parceria - ainda não conseguiram preencher todas as vagas ofertadas no programa.

Antes da saída dos cubanos , em outubro, 23% desses municípios tinham postos em aberto, em decorrência da desistência de brasileiros ou da não renovação de contratos com duração de três anos. Na avaliação de Mauro Junqueira, presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), o novo edital deve seguir enfrentando a dificuldade de manter os profissionais no programa. Para ele, é necessário criar mais vantagens ao médico para que haja uma atração de profissionais.

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“Precisamos de um edital que seja mais célere e feito em curto prazo, que faça uma troca imediata, e não esperar um novo processo, uma nova seleção. Assim, você não deixa o paciente lá no município esperando o atendimento de um médico que não vem. Temos que aproximar as escolas para formar médicos da família, que se aproximem da realidade das cidades”, afirma. 

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