Está acontecendo uma mudança radical do mapa da fome no mundo. O problema agora não é tanto a falta de comida, mas o alimento de má qualidade. Na ultima segunda 10, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) divulgou prévias de seu relatório que apontam para elevação do número de pessoas com sobrepeso em relação à quantidade de famintos. Segundo o diretor geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, “pela primeira vez teremos mais pessoas obesas do que com fome”. As declarações foram feitas durante a abertura do Simpósio Internacional dos Alimentos, em Roma. O documento final sobre segurança alimentar, elaborado por várias agências da ONU, sairá em julho.
Hoje, mais de dois bilhões de adultos com dezoito anos ou mais estão acima do peso e mais de 670 milhões são considerados obesos. Além disso, o aumento da prevalência de obesidade entre 2000 e 2016 foi mais rápido do que o sobrepeso em todas as idades. Quanto ao número de famintos, a FAO estima em 821 milhões de pessoas.
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Níveis de gordura
Os vilões da obesidade, que envolve deficiências de micronutrientes, são os biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, refrigerantes e o macarrão instantâneo, entre outros alimentos ultraprocessados. Esses alimentos são produzidos com ingredientes artificiais, contêm altos níveis de gorduras saturadas, açúcares refinados, sal e aditivos químicos e, em alguns casos, podem conter resíduos químicos de petróleo e carvão. “Agora a obesidade está em toda parte sem distinção entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos”, diz Graziano, que atribui esse fenômeno a mudanças de hábitos de consumo ligadas à urbanização e a dietas baseadas em fast-food.
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