Médicos de um hospital de Londres anunciaram na terça-feira (16) que fizeram com sucesso uma série de cirurgias para separar irmãs siamesas que eram unidas pelo crânio. As pequenas Safa e Marwa Ullah, de dois anos, estão se recuperando bem.
Leia também: Gêmeas siamesas separadas por cirurgia raríssima recebem alta de hospital no DF
As irmãs, um caso também chamado de gêmeos conjugados, passaram por três grandes cirurgias no hospital Great Ormond Street Hospital, reconhecido internacionalmente como um dos poucos do mundo a realizar procedimentos desse porte. A separação das irmãs siamesas foi concluída em fevereiro desse ano, mas só agora os médicos divulgaram o caso.
História de Safa e Marwa
Segundo informações do hospital, as meninas nasceram em janeiro de 2017, no Paquistão, unidas pela cabeça. Os pais não sabiam que se tratava de uma gravidez gemelar, então ficaram um tanto quanto surpresos com o nascimento dos bebês, detalha o Great Ormond Street Hospital.
Elas passaram por diversos médicos no Paquistão antes de chegar ao hospital londrino, em outubro de 2018. Depois de exames, foi iniciado o processo de três cirurgias que durou quatro meses.
Leia também: Jovem de 17 anos tem gêmeas siamesas em Minas Gerais
Detalhe dos procedimentos nas irmãs siamesas
O hospital também divulgou um vídeo explicando os detalhes de como foi feita a separação dos crânios das irmãs. Veja abaixo (áudio e legenda estão em inglês).
Safa e Marwa nasceram com os ossos, veias e artérias do crânio unidos. Para garantiram a segurança das crianças e o sucesso das cirurgias, os médicos usaram a realidade virtual para criar réplicas do crânio das duas. Com isso, os especialistas puderam ter uma visão da complexa estrutura e posição de cérebro e veias das meninas.
Antes das operações, ainda foram impressas versões em 3D da cabeça das irmãs para os médicos praticassem.
Durante as cirurgias, o primeiro passo foi separar as veias das garotas. Os médicos inseriram um pedaço de plástico no crânio delas para manter veias e cérebro separados.
Os procedimentos continuaram e os médicos enfrentaram algumas situações bem delicadas. Houve um sangramento depois de coágulos se formarem no pescoço de Safa, o que fez com que ela drenasse sangue da irmã. Os profissionais acharam que fossem perder Marwa, já que a frequência cardíaca dela caiu bastante.
Para solucionar o problema, os médicos deram uma "veia chave" que elas compartilhavam para Marwa, e isso provocou um derrame em Safa menos de 12 horas após o procedimento.
Os especialistas conseguiram controlar a situação, mas ainda precisaram criar as partes dos crânios que faltavam nas meninas com ossos delas e cobrir com pele e tecidos.
Sucesso das cirurgias
A última cirurgia foi feita em fevereiro deste ano, quando as irmãs siamesas
foram finalmente separadas. No dia 1º de julho as pequenas tiveram alta e, ainda de acordo com informações do hospital, seguem se recuperando bem em casa, ao lado dos pais. "Mesmo sabendo de todos os desafios que vem pela frente, a equipe do hospital está esperançosa que as duas terão uma vida feliz e ativa", afirma o Great Ormond Street.
Leia também: Mãe relata felicidade após separação de gêmeas ligadas pelo abdômen
De acordo com informações do jornal inglês "The Guardian", todo os procedimentos foram pagos por um doador. As meninas estão agora com a mãe, Zainab Bibi, a avó e um tio em Londres. Elas passam por sessões diárias de fisioterapira. O pai das crianças morreu após um ataque cardíaco enquanto a mãe ainda estava grávida.
"Estamos em dívida com o hospital e equipe e queremos agradecer tudo o que eles têm feito. Estamos extremamente empolgados sobre o futuro", comenta a mãe.