O dia 21 de setembro foi a data escolhida para a conscientização sobre a doença de Alzheimer em todo o mundo. Caracterizada pela perda gradual da memória, a doença atinge 47 milhões de pessoas e, até 2050, a estimativa é que esse número atinja os 75 milhões. Os dados são da Organização Mundial de Saúde - OMS.
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A babá Kátia Candeia acompanha a doença de Alzheimer de perto. Sua mãe, Emília Candeia, de 76 anos, foi diagnosticada com a doença há cinco anos e, desde então, requer cuidados constantes. Para Kátia, a maior das dificuldades foi descobrir que conviveria com uma doença sobre a qual pouco conhecia.
“Eu já tinha ouvido falar, já sabia que afetava a memória , mas até saber que minha mãe estava com a doença não sabia o quanto era sério ou que precisava ser feito. Quando fiquei sabendo, entrei em pânico”, recorda Kátia.
De acordo com o médico geriatra Natan Chehter, o caso da família Candeia é uma realidade em muitos outros lares do país, que ainda convivem com a desinformação sobre a doença e têm sua dor agravada. “No Brasil, o diagnóstico do Alzheimer costuma ser tardio porque existe uma crença de que a perda de memória, principalmente na velhice, é normal. Entender a existência da doença é fundamental para saber o que deve ser feito e entender seus limites”
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Como a família pode ajudar quem tem Alzheimer?
Hoje, Kátia e Emília vivem uma dinâmica organizada que visa a melhor qualidade de vida possível para a mais velha. “Ela não pode ficar sozinha em casa e precisa da nossa ajuda para a maioria das tarefas. Também não posso deixar por perto facas, fósforo ou nada com o que ela possa se machucar”, diz a filha. “Apesar disso, estamos sempre conversando e passeando juntas”.
O acompanhamento atento está entre os cuidados recomendados pelo geriatra, que também aconselha uma atenção especial ao ambiente de quem convive com a doença. “Com a progressão do Alzheimer , é fundamental estar atento ao lugar em que a pessoa vive. Observar fios desencapados, objetos cortantes, lugares muito altos ou qualquer instalação que possa causar acidentes”.
E como acontece a progressão do Alzheimer?
Um das características da doença de Alzheimer é a piora progressiva dos sintomas. A evolução pode ser dividida em três fases: leve, moderada e grave. A associação Brasileira de Alzheimer, porém, alerta para o fato de que em muitos casos sintomas caracterizados em diferentes fases se mesclam no mesmo período.
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As principais características da fase leve são a perda da memória recente; dificuldade de se expressar (problemas de linguagem); facilidade para se perder, mesmo em locais familiares; dificuldades em saber os dias e horários, entre outros sintomas.
Já na fase moderada, os sintomas ficam mais graves, afetando atividades cotidianas. Dificuldades para cozinhar, fazer compras, lembrar nomes e eventos importantes estão entre os problemas mais comuns. Além disso, problemas de ordem de comportamento como depressão e agressividade podem acontecer, uma vez que o paciente começa a enxergar-se dependente de terceiros.
A fase mais grave, estágio final da doença, envolve dificuldades para comer, caminhar, falar, incontinência fecal e urinária. Essa fase pode demorar até 12 anos para chegar após o diagnóstico inicial e, de acordo com o profissional, exige maturidade e paciência dos familiares.
Existem maneiras de evitar o avanço da doença?
Sim. Embora seja uma doença neurodegenerativa e sem cura, existem tratamentos que podem minimizar os distúrbios, retardar a evolução do Alzheimer e prolongar a qualidade de vida dos pacientes.
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No Brasil, o tratamento multidisciplinar para a doença, assim como os medicamentos que barram o avanço dos sintomas, é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Quais são os fatores de risco para o Alzheimer?
De acordo com o Ministério da Saúde, existem alguns fatores de risco para a doença. Identificá-los pode permitir um diagnóstico precoce desses grupos. Saiba quais são:
- A idade e a história familiar: a demência é mais provável se a pessoa tem algum familiar que já sofreu de Alzheimer ;
- Baixo nível de escolaridade: pessoas com maior nível de escolaridade geralmente executam atividades intelectuais mais complexas, que oferecem uma maior quantidade de estímulos cerebrais.