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Triagem neonatal, conhecida como teste do pezinho, permite a detecção precoce de doenças metabólicas

RIO - O número de crianças que fizeram o teste do pezinho caiu em diversos estados brasileiros entre março e maio deste ano, período da pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus . Segundo especialistas, o isolamento social dos pais, que deixaram de levar os filhos para a realização do exame, influenciou no número mais baixo de testes realizados em diversas áreas do país, mas esse não é único fator a ser levado em conta no período da quarentena.

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No Rio e no Piauí, por exemplo, houve desabastecimento no número de testes, por conta de atrasos nos Correios . Com isso, os estados vivem quedas "alarmantes" no número de crianças testadas, afirma Cristiano Silveira, coordenador do Grupo de Trabalho de Triagem Neonatal do Conselho Estadual de Saúde do Rio de Janeiro.

Em março de 2019 foram feitos 13.323 testes no estado do Rio. Este ano, o número caiu para 9.699, um recuo de 27%. Em abril, a situação piorou: ano passado, 14.478 crianças passaram pelo teste. Em 2020, foram 8.925, diminuição de 38%. Os números de maio ainda não foram consolidados, afirma ele, mas a expectativa é que a queda seja ainda mais acentuada. No Rio, segundo Silveira, ainda houve diminuição no número de Unidades Básicas de Saúde em funcionamento, locais que faziam o exame . Os dados são da Apae-Rio, que é a responsável pelos testes no estado.

No Piauí, a situação é ainda mais severa: entre março e maio de 2019 foram realizados 15.761 testes. No mesmo perído deste ano, esse número caiu para apenas 6.969, um decréscimo de 55%, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde . Outras unidades da federação também estão com crianças mais desprotegidas durante a pandemia. No Maranhão, o número de testes realizados nos primeiros cinco meses de 2020 foi quase 20% menor do que no mesmo periodo do ano passado: passaram de 39.087 para 31.358, segundo a Secretaria de Saúde do Estado.

Em Goiás, o estado lançou nota alertando sobre uma queda importante entre os meses de abril e maio deste ano no número de testagens: de cerca de 7 mil para 5,8 mil, respectivamente. O teste do pezinho é fundamental porque detecta seis importantes doenças que, se tratadas a tempo, podem evitar agravamento, sequelas e até óbito. O ideal é que o teste seja feito entre o terceiro e sétimo dia de vida do bebê, afirma a Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal e Erros Inatos do Metabolismo.

- É importante que essas crianças que não estão sendo testadas sejam localizadas logo e passem pelo exame, pois algumas doenças têm um agravamento importante num intervalo muito curto de tempo, podendo mesmo chegar a óbito se não forem diagnosticadas a tempo - reforça Silveira.

A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, em nota, "destaca que tem feito reuniões mensais com os coordenadores de saúde da criança e dos programas de triagem dos municípios com a finalidade de resolver a questão. Nesses encontros, foi detectado que houve alteração das rotinas de coleta em algumas unidades de saúde nos municípios, seja por redução do atendimento disponibilizado em alguns lugares, seja por ausência dos pacientes nos serviços de saúde, cumprindo o isolamento social, assim como dificuldades para enviar os exames ao Serviço de Referência em Triagem Neonatal (SRTN), localizada no município do Rio de Janeiro, devido ao COVID-19 , além de muitos ficaram retidos nos Correios".

A Secretaria de Estado da Saúde do Piauí informou em nota que "devido a pandemia do novo coronavirus está havendo um atraso na entrega das amostras de exames para a o teste do pezinho, que são realizadas pelo Laboratório Central do Piauí. Esse material é transportado pelos Correios e, como a demanda por encomendas aumentou o número de funcionários nas agências diminuiu, acarretou na queda dos números de testes realizados pelo Lacen".

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