Assim que o novo coronavírus começou a se alastrar pela cidade de São Paulo, uma das primeiras medidas que a prefeitura tomou foi suspender o rodízio de automóveis. País afora, governos e médicos também desincentivaram a população a tomar o transporte público durante a pandemia , a fim de frear o contágio do vírus.
No entanto, especialistas temem que, em um cenário em que a vacina da Covid-19 não fique pronta rápido, o incentivo ao uso do carro provoque efeitos negativos nas cidades, como mais poluição, aumento da ocupação de leitos e uma segregação maior entre pobres e ricos.
Em pesquisa feita em abril pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) com 33 mil usuários do transporte público em cidades latinoamericanas, 3% dos entrevistados no Rio e em São Paulo afirmaram que pretendem evitar o transporte público
mesmo que as restrições impostas pelo novo coronavírus
sejam suspensas.
"O problema da política que valoriza o carro é que você pensa só no propietário do bem, o que não é o caso da maioria das pessoas. É uma solução individual", diz Bianca Tavolari, professora do Insper e pesquisadora do Cebrap.
"A gente estava começando a reverter o investimento [feito no transporte individual nas últimas décadas], voltar ao carro é um retrocesso. O que a pandemia
pode ajudar é a pensar num transporte público
de qualidade, que não seja aglomerado, e que seja seguro para as pessoas", completa Bianca. As informações são da Folha
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