A Rússia anunciou hoje (03) que terá capacidade de produzir centenas de milhares de doses de vacina contra o novo coronavírus (Sars-Cov-2) já até o final deste ano e, a partir do início de 2021, "vários milhões".
De acordo com o ministro do Comércio da Rússia, Denis Maturov, três empresas biomédicas iniciarão em setembro a produção industrial da vacina desenvolvida pelo laboratório de pesquisa em epidemiologia e microbiologia Nikolai Gamaleia.
"De acordo com as primeiras estimativas (...) poderemos fornecer várias centenas de milhares de doses da vacina a cada mês a partir deste ano e depois vários milhões a partir do início do ano que vem", disse à agência pública de notícias TASS .
O chefe do Fundo Russo para Investimentos Diretos, garantiu, também nesta segunda-feira, que a aprovação oficial da vacina deve acontecer "dentro de dez dias".
"Estaremos à frente não apenas dos Estados Unidos, mas também de outros países. Esta será a primeira vacina aprovada contra o coronavírus", afirmou Kirill Dmitriev.
O ministro russo disse, em comunicado, que os ensaios clínicos em militares "mostraram claramente uma resposta imune" ao novo coronavírus, sem que tenham sido observado "efeitos colaterais ou anormalidades".
A vacina russa utiliza o adenovírus como vetor viral, isto é, um outro vírus que foi transformado e adaptado para combater a Covid-19. A tecnologia também escolhida pela Universidade de Oxford.
A rapidez, no entanto, traz preocupação a diversos pesquisadores internacionais, que alertam para o negligenciamento de algumas etapas imprescindíveis para o desenvolvimento de um imunizante eficaz e seguro.
Vitali Zverev, professor e chefe de laboratório do instituto de pesquisa Metchnikov, disse à AFP que era muito cedo para homologar uma vacina que não foi testada o suficiente para garantir sua segurança.
"É impossível garantir a segurança de uma vacina durante um período de tempo como este que nos separa do início da pandemia", afirmou. O professor ainda disse que as empresas biomédicas que irão produzir a vacina não estão acostumadas à tecnologia avançada que será utilizada.
Até o momento, a Rússia não publicou um estudo detalhado dos resultados de seus testes para estabelecer a eficácia dos produtos que afirma ter desenvolvido.
O centro público de pesquisa Vektor, na Sibéria, está trabalhando em outra vacina, cujas primeiras doses devem estar prontas a partir de outubro, segundo as autoridades.
Atrás dos Estados Unidos, Brasil e Índia, a Rússia é o quarto país com mais casos de infecções pelo Sars-Cov-2.