Idosos foram transferidos e o estabelecimento fechado
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Idosos foram transferidos e o estabelecimento fechado

Pelo menos seis mortes de idosos pelo novo coronavírus (Sars-coV-2) deixaram de ser notificadas à Secretaria municipal de Saúde , sendo que cinco delas ocorreram em um mesmo local, a Missionária Márcia Casa de Repouso Eirelli, que funcionava no bairro de Maria da Graça, na Zona Norte do Rio.

A falta de comunicação de óbitos, obrigatória na pandemia , levou a Vigilância Sanitária a fechar o lugar no dia 1º julho , de acordo com Caio Ribeiro, diretor do Centro de Informação Estratégica em Vigilância em Saúde (CIEVS). Na casa, viviam 14 idosos, e todos já foram transferidos.

A subnotificação de casos e óbitos em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs), nome oficial das casas de cuidados para pessoas mais velhas, fez a Secretaria municipal de Saúde iniciar uma busca ativa.

Nas visitas, que começaram em meados de junho, 10,4% dos idosos e 9,9% dos funcionários que foram submetidos a testes rápidos tiveram resultado positivo para a Covid-19 . Na capital fluminense, foram registrados 171 óbitos distribuídos em 61 das 215 ILPIs existentes.

Casa de repouso cria “abraço seguro”

Logo no começo da pandemia, 87 casas de repouso notificaram 1.115 casos — sendo 759 idosos e 356 profissionais. Em alguns locais, 100% dos residentes e dos funcionários tiveram Covid-19. O número baixo de instituições, no entanto, chamou a atenção da prefeitura, que deu início ao trabalho de investigação.

Até a última sexta-feira, as equipes visitaram 104 endereços de um total de 128 que foram classificadas como “ILPIs silenciosas”, por não comunicarem os casos. Foram realizados testes rápidos — os que detectam a presença de anticorpos — em 2.367 idosos, e 247 testaram positivo. Entre os funcionários, o percentual de contágio foi de 9,9%: dos 1.376 testados, 136 já tinham sido infectados.

O confinamento em um único local, a dificuldade de isolar infectados e a fragilidade da saúde de seus moradores tornaram os asilos lugares propícios à contaminação por Covid-19, exatamente como aconteceu nos EUA e na Europa.

— Visitando regularmente esses locais, ficou possível traçar um perfil dos idosos. A Secretaria de Saúde não tem o papel de fiscalização sobre alvará e formas de funcionamento. Como essas instituições não notificaram os casos, a solução foi fazer a busca ativa. Precisávamos fazer as testagens e também checar o cumprimento das regras de isolamento de casos suspeitos e uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) por parte dos funcionários — explica Caio Ribeiro.

As vistorias da Secretaria municipal de Saúde são realizadas nas ILPIs  de variados perfis econômicos. O trabalho é inédito. Segundo Patrícia Guttmann, superintendente de Vigilância em Saúde, o trabalho é um grande acerto ao dar visibilidade às instituições. Na segunda-feira, os técnicos estiveram na Casa Mere Blanchot, da Associação São Vicente de Paulo, na Tijuca, Zona Norte do Rio. Lá, vivem 34 idosos. Mas, ao todo, 83 pessoas foram testadas, entre residentes e profissionais, entre cuidadores, faxineiros e cozinheiros, entre outros. Do grupo, logo na análise inicial, duas pessoas testaram positivo.

— Visitamos locais que custam desde R$ 12 mil a mensalidade para manter um idoso até os que sobrevivem apenas com doações. Fomos a esses locais ensinar a instituição a notificar todos os casos, levamos atenção primária e acionamos a Vigilância Sanitária sempre que foi necessário — avalia Guttmann.

Segundo Caio Ribeiro, mesmo após técnicos concluírem a visitação às 128 ILPIs, o trabalho terá continuidade. A ideia é percorrer também as que notificaram casos no começo da pandemia para refazer a testagem:

— Todos os dados coletados nesse trabalho vai facilitar nossa atuação. Além disso, quando existir vacina contra a Covid-19 saberemos quantos idosos teremos que atender nessas instituições.

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