Neste domingo (30), a pandemia da Covid-19 atingiu nova marca expressiva no planeta: já são mais de 25 milhões de casos confirmados da doença, com EUA, Brasil
e Índia sendo responsáveis por mais de 50% do total. Tudo isso em meio à expectativa da chegada da primeira vacina contra a doença, que segue colocando os países em uma disputada corrida pelo "primeiro anúncio".
Segundo informações da Universidade Johns Hopkins, os EUA somam quase 6 milhões de infectados até o momento, seguido por Brasil (3,8 milhões) e Índia (3,5 milhões). Na sequência, ainda abaixo do milhão, estão Rússia (987 mil) e Peru (639 mil). O total no planeta é de 25.029.791.
EUA
e Brasil
também aparecem na liderança no ranking de mortes, sendo os únicos países com mais de 100 mil: são 182.785 norte-americanos e 120.262 brasileiros. México (63.819), Índia (69.498) e Reino Unido (41.585) fecham as cinco primeiras posições.
Busca pela vacina
O prazo mais otimista para o desenvolvimento de uma vacina contra a Covid-19, com a chegada inclusive ao Brasil , segue sendo o mês de outubro. Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan , é também nesse mês que o país receberá cinco milhões de doses da vacina chinesa. O planejamento é entregar 45 milhões de vacinas ao Ministério da Saúde até o fim do ano. Tudo isso depende, no entanto, da conclusão da fase de testes clínicos e de registro junto à Anvisa.
A farmacêutica americana Pfizer promete, também para outubro, a liberação do uso de sua vacina, produzida em parceria com o laboratório alemão BioNTech e a fábrica de remédios chinesa Fosun Pharma. A expectativa é tão grande que Donald Trump abordou o tema em sua campanha em busca da reeleição, na tentativa de angariar votos na corrida pela Casa Branca.
No entanto, cientistas acreditam que uma vacina capaz de gerar imunidade contra o novo coronavírus só será possível a partir do ano que vem. O processo de desenvolvimento seguro de imunizantes é complexo e cheio de etapas (veja no infográfico ao lado). Por isso, pode levar até dez anos para ser concluído.
"Estamos desenvolvendo vacinas uma velocidade nunca vista, nos valendo das vacinas que estavam sendo produzas contra a Sars e a Mers. Então, não saímos do zero. E, com isso, ganhamos um tempo enorme. Consideramos também que os processos estão sendo acelerados, como registros, publicações e revisões de estudos. Mas existe o tempo da ciência, e não podemos jamais abrir mão dos critérios rigorosos que temos de licenciamento", afirma Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
A vacina russa , por exemplo, já conseguiu registro em seu país. No entanto, ainda não cumpriu todas as etapas necessárias para comprovar sua eficiência. Por isso, é vista com desconfiança por cientistas de todo o mundo. Na visão de Kfouri, ela não será aprovada por nenhum órgão regulatório do mundo enquanto não concluir e publicar estudos de todos os seus testes clínicos .
"Novo normal" continua
O desenvolvimento de uma vacina é a grande esperança para frear a transmissão do novo coronavírus, que até ontem já tinha matado 120 mil pessoas Brasil. Para Ana Helena Figueiredo, infectologista e imunologista do grupo Iron, por ainda não haver alternativas concretas de combate à doença, a vacina é atualmente a melhor aposta contra a pandemia .
"Embora a vacina possa ser potencialmente uma solução para esse problema, há outros que devem permanecer no nosso radar: existe o risco de mutação da Covid-19 e há, ainda, outras doenças infecciosas que se disseminam constantemente pelo mundo todos os dias. Por isso, é fundamental melhorar nossos hábitos para diminuirmos os riscos de novas infecções, seja pela Covid-19 ou por outras doenças", orienta a médica.
Sob esse ponto de vista, seria necessário manter medidas de isolamento e distanciamento social, uso de máscaras e higiene constante das mãos sempre que se ficar doente.
"Nesse aspecto, a Covid-19 parece já ter contribuído para fazer as pessoas entenderem quão relevantes são as práticas diárias de higiene" avalia Ana Helena.
Com a chegada da vacina ao Brasil, diz ela, é importante que os grupos que forem indicados como prioritários para se imunizar tomem as doses indicadas. A vacinação garante não só a proteção individual, mas também a coletiva. Quanto mais pessoas se vacinarem, menos espaço o vírus terá para circular, o que confere proteção até para quem não puder se vacinar. Algumas vacinas não podem ser tomadas por pessoas que têm a imunidade comprometida.