O Reino Unido deve se preparar para um "inverno difícil" porque a imunidade da população a outros vírus respiratórios além da covid-19 pode ser menor do que o normal, alertou uma de suas médicas mais importantes.
A médica Susan Hopkins, responsável pela estratégia contra a covid do governo inglês, disse que o NHS (sistema de saúde público britânico) deve estar "preparado" para surtos de gripe e outras doenças semelhantes.
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Seu alerta vem um dia antes do primeiro passo da Inglaterra a caminho de uma reabertura após meses de lockdown (confinamento), com todos os alunos voltando às aulas nesta segunda-feira (8/3). A maioria dos alunos está em casa desde o Natal.
Com mais de 120 mil mortes causadas pela covid-19, o Reino Unido foi um dos mais afetados pelo coronavírus no mundo. Depois de um período de confinamento que começou em março do ano passado, os casos arrefeceram no verão do hemisfério norte (no meio do ano), mas voltaram a crescer, com uma enorme segunda onda no inverno britânico (no fim do ano) e um pico em janeiro de 2021.
Mas o Reino Unido aprovou vacinas em dezembro, e tem vacinado centenas de milhares de pessoas todos os dias. Em fevereiro, o governo terminou de oferecer vacinas aos quatro grupos de prioridade. O plano é vacinar quase metade da população até a metade de abril e terminar de reabrir quase completamente no fim de junho.
Mas Hopkins disse que o Reino Unido precisa estar "mais bem preparado" do que no outono passado, quando surgiram novas variantes de disseminação mais rápida do coronavírus.
Isso elevou as taxas de infecção e forçou novas medidas de bloqueio durante o inverno europeu.
Hopkins disse ao The Andrew Marr Show, programa da BBC: "Acho que temos que nos preparar para um inverno difícil, não apenas com o coronavírus. Tivemos um ano quase sem nenhum vírus respiratório de qualquer outro tipo. E isso significa, potencialmente, que a imunidade da população a isso é menor."
"Portanto, poderemos ver picos de gripe. Poderemos ver picos em outros vírus respiratórios e outros patógenos respiratórios."
Hopkins disse que seu papel como conselheira do governo era "se preparar para os piores cenários".
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"Isso não significa que necessariamente acontecerão, mas meu trabalho é garantir que tenhamos opções disponíveis para o país caso as coisas não sejam tão satisfatórias como todos gostaríamos", disse ela.
Durante o inverno do ano passado, cerca de 30 milhões de pessoas — número maior do que nunca — foram convidadas a receber uma vacina grátis contra a gripe. O governo temia a dupla ameaça que a gripe representava ao lado do coronavírus.
A gripe pode ser uma doença séria — mata cerca de 11 mil pessoas na Inglaterra a cada ano e muito mais pessoas recebem tratamento hospitalar por causa dela.
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Pessoas com alto risco de gripe também correm maior risco com a covid-19.
A gripe representa ameaças adicionais durante a pandemia de covid-19 porque:
- Há alguma evidência de que uma infecção dupla com coronavírus e gripe é mais mortal do que infecções isoladas
- Uma grande temporada de gripe combinada com coronavírus pode sobrecarregar hospitais
- Responder a um fluxo de pacientes será mais difícil se muitos funcionários do NHS (serviço de saúde público britânico) ou de lares também adoecerem com gripe
O roteiro do primeiro-ministro Boris Johnson para o encerramento do lockdown visa que todas as restrições ao coronavírus sejam suspensas até, no mínimo, o dia 21 de junho.
Mas os principais cientistas e médicos alertaram que as restrições para conter as infecções por covid-19 podem continuar no próximo inverno.
Usar máscaras e trabalhar de casa pode estar entre as medidas "básicas" que devem continuar até então, disse o principal conselheiro científico do governo, Sir Patrick Vallance.
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