A Dinamarca anunciou nesta quarta-feira que decidiu retirar do programa nacional de imunização a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford. O país se tornou o primeiro da Europa a adotar a medida.
Em comunicado, a Agência Nacional de Saúde informou que "decidiu continuar a vacinação contra a Covid-19 sem a vacina da AstraZeneca", mas acrescentou que "não poderia descartar o uso novamente em outro momento". Segundo as autoridades dinamarquesas, ao todo, 2,4 milhões de doses serão retiradas das unidades de saúde. O uso dos imunizantes da Pfizer e Moderna será mantido.
O diretor-geral da Agência, Soren Brostrom, afirmou em entrevista que a "decisão foi difícil", mas pesou o fato de o país ter outras vacinas disponíveis e a epidemia estar atualmente sob controle.
"Os próximos grupos-alvo para vacinação têm menos probabilidade de adoecer gravemente por causa da Covid-19. Devemos pesar isso contra o fato de que agora temos um risco conhecido de efeitos adversos da vacinação com AstraZeneca, mesmo que o risco em termos absolutos seja pequeno", disse.
Avaliação da Agência Europeia
A mudança ocorre uma semana após a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) afirmar ter encontrado possível ligação entre vacina da AstraZeneca e relatos de coágulos sanguíneos. Apesar disso, o órgão ressaltou que os casos são muito raros e considera que o balanço entre riscos e benefícios da vacina contra a Covid-19 permanece "positivo". O comitê de segurança da EMA, que avaliou a vacina, solicitou a realização de outros estudos para obter mais informações.
Após o comunicado, países como Austrália, Itália, Espanha, Bélgica e Filipinas, recomendaram os uso apenas para idosos. Outros suspenderam a vacinação com o imunizante, até que mais informações estejam disponíveis.
Procurada pelo GLOBO no último dia 7, a AstraZeneca divulgou uma nota informando que "tem colaborado ativamente com as agência reguladoras para implementar essas alterações na bula do produto e já está trabalhando para entender os casos individuais, a epidemiologia e os possíveis mecanismos que poderiam explicar esses eventos extremamente raros".
A Universidade de Oxford informou que não está fornecendo porta-vozes para comentários, mas enviou uma declaração do Professor de Infecção Pediátrica e Imunidade Andrew Pollard.
"A identificação de casos raros de coágulos sanguíneos, que podem estar associados à vacina, mostra que o sistema de segurança funciona e também permitiu que a MHRA e a EMA concluíssem que os benefícios da vacinação continuam a superar os riscos, ao mesmo tempo que adotam medidas para ajudar a mitigar qualquer risco possível".
Pausa no uso da vacina Johnson
Na terça-feira, agências federais de saúde dos Estados Unidos solicitaram a pausa imediata no uso do imunizante de dose única contra a Covid-19 da Johnson & Johnson, depois que seis pessoas vacinadas nos EUA desenvolveram um distúrbio raro envolvendo coágulos sanguíneos cerca de duas semanas após a vacinação, disseram autoridades informadas sobre a decisão.
"Estamos recomendando uma pausa no uso desta vacina por muita cautela", Peter Marks, diretor do Centro de Avaliação e Pesquisa de Produtos Biológicos da Food and Drug Administration (FDA), reguladora sanitária dos EUA, e Anne Schuchat, diretora-adjunta principal do CDC, afirmaram em um comunicado conjunto. “No momento, esses eventos adversos parecem ser extremamente raros.”
Só nos Estados Unidos, de 300 mil a 600 mil pessoas por ano desenvolvem coágulos sanguíneos, de acordo com dados do CDC. Mas o distúrbio específico de coagulação sanguínea que os receptores da vacina desenvolveram, conhecido como trombose do seio venoso cerebral, é extremamente raro.