Sem vacina, crianças continuam vulneráveis ​​a doenças letais, alertam entidades
Reprodução/Cincinnati Children's Hospital Medical Center
Sem vacina, crianças continuam vulneráveis ​​a doenças letais, alertam entidades

Os serviços de vacinação de rotina começam a se recuperar das interrupções causadas pela Covid-19, mas milhões de crianças continuam vulneráveis ​​a doenças mortais. O alerta é feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a aliança global para vacinas Gavi, nesta Semana Mundial da Imunização.

As entidades afirmam ser necessário um compromisso global renovado para melhorar o acesso e a cobertura vacinal. Por isso, lançam nesta segunda-feira a Agenda de Imunização 2030, uma estratégia com o objetivo de maximizar o "impacto salvador" de vacinas por meio de sistemas de imunização mais fortes.

As metas da agenda incluem atingir 90% de cobertura para vacinas essenciais administradas na infância e adolescência, reduzir pela metade o número de crianças que perderam todas as vacinas e concluir 500 introduções nacionais ou subnacionais de imunizantes novos ou subutilizados, como os contra Covid-19, rotavírus e HPV.

Para isso, as organizações pedem que líderes mundiais e a comunidade global de saúde assumam compromissos explícitos com a agenda e desenvolvam planos nacionais de imunização ambiciosos. Também pedem que doadores e governos aumentem os investimentos em pesquisa e inovação de vacinas e que a indústria farmacêutica e os cientistas continuem a acelerar seu desenvolvimento.

Se totalmente implementada, a estratégia global poderá evitar cerca de 50 milhões de mortes, de acordo com a OMS.

“Se quisermos evitar vários surtos de doenças potencialmente fatais, como sarampo, febre amarela e difteria, devemos garantir que os serviços de vacinação de rotina sejam protegidos em todos os países do mundo”, afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em comunicado.

Ele também destacou que as vacinas ajudarão a acabar com a pandemia da Covid-19, mas somente "se garantirmos um acesso justo para todos os países e construirmos sistemas fortes para aplicá-las”.

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Problemas na vacinação de rotina

Segundo uma pesquisa da OMS, apesar do progresso em comparação com o cenário de 2020, mais de um terço dos países entrevistados (37%) ainda relatam problemas em seus serviços de vacinação de rotina.

Campanhas de imunização em massa também foram interrompidas: 60 delas estão atualmente adiadas em 50 países, colocando cerca de 228 milhões de pessoas, a maioria delas crianças, em risco de contrair doenças como sarampo, febre amarela e poliomielite. Mais da metade dos 50 países afetados estão na África, destaca a organização.

Seth Berkley, CEO da Gavi, afirma que milhões de crianças em todo o mundo provavelmente deixarão de receber vacinas básicas, pois a pandemia "ameaça desfazer duas décadas de progresso na imunização de rotina".

“Para apoiar a recuperação da Covid-19 e para combater futuras pandemias, precisaremos garantir que a imunização de rotina seja priorizada, enquanto também nos concentramos em alcançar crianças que não recebem nenhuma vacina de rotina, ou crianças com dose zero. Para fazer isso, precisamos trabalhar juntos — entre agências de desenvolvimento, governos e sociedade civi”, disse Berkley.

Vacinação contra o sarampo

A OMS destaca que as campanhas de imunização contra o sarampo são as mais impactadas e correspondem a 23 das que foram adiadas, afetando cerca de 140 milhões de pessoas. A doença é uma das mais contagiosas, e pode resultar em grandes surtos nos locais nos quais as pessoas não estão vacinadas, alerta a organização.

“Mesmo antes da pandemia, havia sinais preocupantes de que estávamos começando a perder terreno na luta contra doenças infantis evitáveis, com 20 milhões de crianças já perdendo vacinas críticas. A pandemia piorou a situação, fazendo com que milhões de crianças fiquem sem imunização”, disse Henrietta Fore, diretora executiva do UNICEF.

No Brasil, o sarampo também avançou, provocando mortes por falta de vacinação. Sete pessoas morreram em 2020 da doença, das quais seis eram crianças com menos de 18 meses.

Em 2016, o Brasil recebeu da Organização Pan Americana de Saúde (Opas) um certificado de erradicação do sarampo. No entanto, o país perdeu este reconhecimento em 2019, após ocorrer um surto da doença por mais de um ano, com novos casos surgindo.

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