Com a vacinação avançando no Brasil, mesmo que a passos lentos, algumas pessoas podem ter notado que alguns amigos, familiares ou até parentes tiveram algumas reações adversas assim que tomaram a vacina contra a Covid-19.
Com isso, pode surgir aquela dúvida: ter essas reações é normal? Por quanto tempo duram? O iG conversou com especialistas para explicar como as vacinas funcionam e o porquê das reações.
No Brasil, os eventos adversos muito comuns previstos na bula da CoronaVac são dor de cabeça, cansaço e dor no local da aplicação. No caso da bula da Oxford/AstraZeneca, entre esses efeitos mais comuns estão sensibilidade, dor, sensação de calor, fadiga, calafrio, dor de cabeça e enjoos a até febre. A Anvisa considera que os eventos adversos mais frequentes relacionados às vacinas contra a Covid-19 não são graves e estão dentro do esperado.
Vale lembrar que para ser aprovada, uma vacina passa por diversos testes e estudos clínicos para comprovar sua segurança e eficácia, além da provação de diversos órgãos reguladores, que também atestam a segurança do imunizante. No caso do Brasil, este papel é desempenhado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Portanto, quando alguém toma algum imunizante hoje disponível no Brasil, sendo eles a CoronaVac, AstraZeneca ou Pfizer, pode ter a certeza e garantia que a ciência esteve por trás do desenvolvimento do produto.
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Para especialistas ouvidos pela reportagem, as reações adversas não representam problemas mais graves e podem ser explicadas.
“As vacinas, assim como os medicamentos, agem de forma diferente de acordo com o organismo do indivíduo e com o sistema de defesa de cada um, então algumas pessoas podem desenvolver febre, dor de cabeça, após tomar a vacina, enquanto outras não têm nenhum sintoma. Mas isso não significa, exatamente, que uma está mais protegida que a outra contra a infecção”, afirma a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Viviane Boaventura.
“As vacinas agem de forma distinta em nosso corpo. A vacina da SinoVac (CoronaVac), por exemplo, é uma vacina de vírus morto, que é diferente de uma com o vírus atenuado. Ela (CoronaVac) age ativando o sistema de defesa que vai montar uma resposta, mas aquele vírus que está morto não consegue invadir a nossa célula, assim ela causa menos efeito adverso, mas também costuma dar menos proteção do que a vacina que é feita com o vírus atenuado, por exemplo”, completa a pesquisadora.
Sobre a vacina da Oxford em específico, ela comentou que o desenvolvimento é diferente. “Ela é feita com um vetor viral. Você pega um vírus que não causa doença em humanos, mas sim em chimpanzés, e coloca dentro desse vírus um pedacinho do material do vírus da Covid. Esse vírus então vai entrar na nossa célula, mas não vai conseguir se replicar. Daí esse vírus é colocado na nossa célula para que o nosso sistema de defesa seja sensibilizado e acredite que precise montar um sistema de defesa mais completo contra o vírus”, afirma Boaventura.
“O que é mais esperado é um quadro agudo, das primeiras 24h, no máximo 48 horas, de febre, dor no corpo ou alguma moleza. Isso pode acontecer com pessoas que tomam vacinas, especialmente aquelas que tomam a de Oxford. Essas reações a gente também observa em outras vacinas, como a de febre amarela, e a da pólio”, disse a pesquisadora.