Um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro juntar milhares de pessoas sem máscara para um ato no Rio de Janeiro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse nesta segunda-feira à Organização Mundial da Saúde (OMS) que o Brasil defende a "firme recomendação" de medidas contra a Covid-19, e também inflou os dados de vacinação do país.
"Investimos recursos financeiros na saúde e na retomada da economia. A isso somamos nossa firme recomendação de medidas não farmacológicas para toda nossa população", disse Queiroga em sua fala na assembleia anual da OMS.
As medidas não farmacológicas não foram citadas textualmente pelo ministro no discurso, mas têm sido repetidas por ele: evitar aglomerações, manter distanciamento social e usar máscaras.
No dia anterior ao discurso do ministro, o presidente Jair Bolsonaro reuniu alguns milhares de pessoas em um ato no Rio de Janeiro. No caminhão de som, Bolsonaro e ministros — inclusive o antecessor de Queiroga, Eduardo Pazuello —, estavam todos sem máscaras, e entre o público pouquíssimas pessoas usavam a proteção facial.
O ministro ainda inflou os números de vacinação no Brasil contra a Covid-19. Queiroga parece ter somado os dados de primeira e segunda doses aplicadas para afirmar que 55 milhões de pessoas foram vacinadas no país. No entanto, os dados não correspondem ao número de pessoas vacinadas.
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"Hoje nossa maior esperança para permitir o retorno gradual e seguro à normalidade é a ampla vacinação. Até o momento o SUS já distribuiu mais 90 milhões de doses de vacinas e vacinou 55 milhões de pessoas", disse Queiroga.
Segundo dados do consórcio de veículos de imprensa, 41,9 milhões de pessoas receberam pelo menos a primeira dose de um imunizante contra a doença. A segunda dose da vacina, por sua vez, foi aplicada em 20,6 milhões de pessoas. O segundo grupo está incluído dentro do primeiro.
Segundo os dados do dados do consórcio, o país deve alcançar 20% da população vacinada com ao menos uma dose contra a Covid-19 nesta segunda-feira.
Já o painel do Ministério da Saúde mostra que 57 milhões de doses foram aplicadas: 39,2 milhões de brasileiros foram vacinados com a primeira dose e 18,5 milhões receberam duas doses de vacina.
O GLOBO questionou o Ministério da Saúde sobre o número citado no discurso, mas não teve retorno até o momento.