O novo boletim do Observatório Covid-19 faz um alerta para o alto índice de mortes de gestantes e puérperas por Covid-19. O Brasil tem o maior número de mortes maternas em decorrência do coronavírus das Américas e apresenta uma taxa de letalidade de 7,2%, mais que o dobro da atual taxa de letalidade do país, que é de 2,8%.
Um estudo sobre a pandemia nas Américas, publicado em meados de maio de 2021 pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), verificou que entre janeiro e abril deste ano houve um aumento relevante de casos em gestantes e puérperas, e de óbitos maternos por Covid-19 em 12 países da região.
Os autores do boletim alertam que as grávidas podem evoluir para quadros graves da doença, principalmente aquelas que estão em torno de 32 e 33 semanas. Afirmam ainda que, em muitos casos, há necessidade de antecipação do parto.
Este cenário aponta para a necessidade de leitos de UTI adulto disponíveis para estas mulheres e de UTI neonatal para os recém-nascidos que podem ser prematuros.
Segundo o Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 (OOBr Covid-19), já foram registrados até 26 de maio deste ano 911 óbitos maternos. Este número é quase o dobro de todos os ocorridos em 2020, quando foram notificadas 544 mortes de gestantes e puérperas por Covid-19 no país.
Alta de SRAG e ocupação de leitos em estado crítico
O boletim constatou tendência de crescimento de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 12 estados, além do Distrito Federal, na Semana Epidemiológica (SE) 21, período compreendido entre 23 e 29 de maio. Todas as regiões apresentam indicadores preocupantes, principalmente, os estados da região Sul e Centro-Oeste. Cerca de 96% dos casos de SRAG são pelo novo coronavírus.
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No cenário atual da pandemia, todos os estados das regiões Nordeste, Sul e Centro-Oeste, e a maior parte da região Sudeste (com exceção do Espírito Santo) estão com a ocupação de leitos de UTI em níveis críticos (≥ 80%) ou mesmo extremamente críticos. Dezessete capitais também se encontram em níveis críticos ou extremamente críticos. O sistema de saúde está sobrecarregado, com capacidade de resposta comprometida para o atendimento a esses casos, assim como para outras demandas represadas.
Houve um aumento expressivo nos casos, internações e óbitos de pessoas mais jovens, o que aponta uma mudança demográfica no perfil das pessoas afetadas pela doença.
"Com relação à ocupação proporcional dos leitos por faixa etária, destacamos que a tendência de redução importante da proporção de pessoas mais longevas internadas em UTI. Entretanto, há novo comportamento para a faixa etária de 60 a 69 anos. Até a quinzena anterior, a evolução comparativa desta faixa etária mostrava uma diferença proporcional positiva entre a SE 1 e SE 18. Agora, a comparação das SE 1 e SE 20 mostra um declínio na participação desta faixa etária nas internações em UTI (-6,89%). Ainda se trata de uma pequena redução, mas muda a tendência anterior e sugere o benefício da vacinação já de forma perceptível também para esta faixa etária", escrevem os pesquisadores no documento
"Ao se considerar as distribuições proporcionais, a redução de eventos entre os mais idosos implica uma reconfiguração dos percentuais das faixas mais jovens. Destacamos como maior redução proporcional mais substancial entre aqueles com 90 anos e mais (-71,11%), e como maior aumento proporcional a faixa de 20 a 29 anos (+ 172,22%)".
Os especialistas destacam ainda a importância da distribuição e aplicação de vacinas pelo país. A análise ressalta que experiências promissoras, como a vacinação em massa promovida pelo Instituto Butantan no município de Serrana (São Paulo), que indica que um esquema vacinal completo de 75% da população produz impactos bastante positivos para todos os habitantes. Ao mesmo tempo, segundo os pesquisadores, há um longo caminho ainda a ser percorrido para que se possa chegar a um percentual próximo para todo o Brasil.