Vacinação ainda gera dúvidas
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Vacinação ainda gera dúvidas

Com o Brasil caminhando no processo de vacinação contra a Covid-19, muitas dúvidas surgem em relação ao futuro da doença e em como a população e a ciência vão lidar com o vírus daqui para frente.

Entre as dúvidas mais comuns a curto prazo está o fato da necessidade ou não de tomar uma terceira dose dos imunizantes ofertados no país. Além disso, muitos querem saber: A vacinação contra a Covid vai ser necessária todos os anos?

Pensando nisso, o iG Saúde conversou com especialistas para tentar traçar os rumos para o futuro da doença no país e como podemos lidar com isso. Confira:

Em relação a uma possível necessidade de tomar a terceira dose da vacina contra a Covid-19, a imunologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Maria Fernanda Rios Grassi, afirma que agora não é o momento para se pensar nisso, já que o país ainda não está perto de conseguir alcançar um número majoritário de pessoas imunizadas com duas doses.

“Esse momento que estamos vivendo, sobretudo aqui no Brasil, ainda não nos permite avaliar essa questão da terceira (dose). O que a gente pode imaginar é que futuramente, em alguns anos, seja necessário se fazer novas imunizações".

Ela ainda diz que, com base nos dados preliminares apresentados em Serrana (SP), é possível concluir que as duas doses da vacina já garantem uma proteção adequada. “A vacinação de 75% da população daquela cidade reduziu bastante os casos, as hospitalizações e a mortalidade, o que indica que duas doses têm efetividade. Por isso acredito que essa questão da terceira dose não seria para agora”.

O médico infectologista e professor da Unesp, Carlos Magno Fortaleza, também concorda com a ideia de que ainda não existem evidências suficientes que comprovem a necessidade de tomar uma terceira dose da vacina contra a Covid-19. “Essa é uma das grandes questões em aberto pela ciência”.

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“É possível que se precise de uma terceira dose, mas até o momento não temos nenhuma evidência robusta de que a terceira dose em intervalos curtos ou médios aumente a imunogenicidade”, afirma o especialista, que também faz parte do Comitê de Contingência da Covid-19 do estado de São Paulo.

Funcionários do Hospital das Clínicas sendo vacinados contra a Covid-19
Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
Funcionários do Hospital das Clínicas sendo vacinados contra a Covid-19

Maria Fernanda ainda explica que o novo coronavírus é diferente do vírus que causa a gripe comum e tem uma taxa de mutação muito elevada, por isso, a necessidade da vacinação anual. “O Sars-Cov-2 não parece mutar-se com essa velocidade, como o vírus da influenza. Mas ainda é difícil dizer, não tem a resposta”, esclarece.

Ela complementa que o ideal, neste momento, é vacinar toda a população com duas doses e, a partir disso, fazer estudos para verificar como a imunização nas pessoas vai se comportar.

O infectologista Luís Fernando de Macedo Brígido, do Instituto Adolfo Lutz, reafirma que a diferença nas mutações do coronavírus são menores e, portanto, existe a possibilidade de não haver a necessidade da vacinação anual. Mas ele diz que ainda é um cenário em aberto.

“Se as modificações do vírus foram muito extensivas, coisa que até o momento não parece ser o suficiente para gerar uma perda importante da ação das vacinas já existentes, uma outra dose será recomendada, mas isso ainda não está claro. No caso da vacina da Influenza, a mudança do perfil do vírus anual sugere vacinas a cada ano”.

Carlos Magno diz também que ainda é muito cedo para prever a necessidade de uma vacinação anual, e ressalta a necessidade de observar como os anticorpos das pessoas vão reagir no longo prazo.

“Nós vamos saber quando as pessoas que foram vacinadas já nas pesquisas anteriormente (fase de testes) completarem um ou dois anos de vacina para avaliar se os anticorpos neutralizantes continuam altos ou se será necessário um reforço periódico”, conclui.

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