Você percebeu alguma coisa diferente na sua saúde depois que teve covid? Dores de cabeça, dores nas articulações, esquecimento, queda de cabelo, tremedeira e falta de ar têm sido queixas de pacientes que se recuperaram da doença.
Embora ainda seja relativamente cedo para saber todas as sequelas provocadas por uma infecção pelo vírus Sars-Cov-2, alguns estudos já conseguiram mapear aquelas que têm sido frequentes nos atendimentos.
Essas manifestações não estão restritas àqueles casos graves de pacientes que foram internados ou tiveram sintomas conhecidos da enfermidade e já se recuperaram. Mesmo entre os assintomáticos tem sido comum a percepção de sinais da chamada covid longa.
Agora, é importante saber que ainda não existe um consenso sobre a definição dessa síndrome pós-covid – também chamada de sequelas agudas do pós-covid (ou PASC na sigla em inglês). Afinal, as pesquisas variam conforme ao recorte temporal que adotam (por exemplo, três ou seis meses) e também em relação à avaliação se os sintomas impactaram ou não a rotina do paciente.
Quem é afetado?
Cerca de 10% a 30% das pessoas que contraem o coronavírus vão desenvolver os sintomas persistentes, estimam os especialistas Vanessa Bryant, Alex Holmes e Louis Irving em um artigo publicado no site The Conversation.
No entanto, o total de pessoas que apresentam a síndrome pós-covid pode ser maior conforme uma revisão sistemática com 45 estudos e mais de 9,7 mil pacientes – feita por Nasserie, Hittle e Goodman e publicada no JAMA Network Open. Do total, 72,5% dos participantes relataram ter pelo menos um dos 84 sintomas persistentes ou sinais clínicos após 30 dias de recuperação de um caso grave ou 60 dias após o diagnóstico em casos leves ou moderados.
Já, em um estudo publicado na revista Nature Medicine, Bjørn Blomberg e outros autores descobriram que entre os jovens de 16 a 30 anos que não foram hospitalizados, 52% (32 de 61 pacientes) deles tinham alguma sequela após 6 meses.
Embora haja divergências com relação à prevalência da covid longa , existem achados que apontam para existência de grupos de risco. Aqui, fazem parte os mais velhos, obesos, mulheres e pessoas com asma, de acordo com artigos publicados na revista Diabetes, Obesity and Metabolism e The Lancet Regional Health – Western Pacific e um artigo em pré-impressão feito a partir de uma parceria entre a University College London e a King’s College London.
Quais são as sequelas da covid-19?
Reunimos em uma única lista quais as sequelas documentadas em artigos da revistas The Pharmaceutical Journal, Nature Medicine e The Lancet, além do estudo produzido pela organização sem fins lucrativos FAIR Health.
Respiratório:
- Tosse
- Falta de ar
- Em quem ficou severamente doente no hospital também foi notado:
> Capacidade de difusão pulmonar gravemente comprometida
> Manifestações anormais em imagem torácica
Cardiovascular:
Você viu?
- Aperto no peito;
- Dores no peito;
- Palpitação;
- Síndrome de taquicardia postural ortostática;
- Hipertensão.
Gastrointestinal:
- Dores abdominais;
- Náusea;
- Diarreia;
- Anorexia;
- Apetite reduzido (em pessoas mais velhas).
Neurológico:
- Deficiência cognitiva (confusão mental);
- Perda de concentração;
- Problemas de memória;
- Dores de cabeça;
- Distúrbios de sono;
- Neuropatia periférica;
- Tontura;
- Delírio (em pessoas mais velhas);
- Acidente Vascular Cerebral – AVC (sintoma raro);
- Convulsões (sintoma raro).
Psicológico e psiquiátrico:
- Depressão;
- Ansiedade;
- Transtorno de estresse pós-traumático;
- Incapacidade de trabalhar e interagir com a sociedade;
- Musculoesquelético;
- Dores nos músculos e articulações;
- Inflamação de nervos.
Ouvido, nariz e garganta:
- Zumbido;
- Dores de ouvido;
- Dores de garganta;
- Tontura;
- Perda do olfato e/ou paladar.
Sintomas gerais
- Fadiga;
- Febre;
- Dores;
- Colesterol alto;
- Mal-estar geral;
- Erupções cutâneas.
Você teve alguma dessas sequelas da covid-19?
Atenção!
É importante lembrar que se você estiver se sentindo mal, procure ajuda de seu médico ou nos postos de saúde. Somente um profissional pode diagnosticar o que você tem, combinado?
Vale ressaltar também que, em geral, os estudos científicos têm limitações. Essa ressalva vale para qualquer estudo, e não apenas para os que foram citados nesta matéria. É normal; é assim que a ciência avança.
Exemplos dessas dificuldades são a quantidade de pacientes acompanhados, o período em que eles foram acompanhados e até mesmo a dificuldade de relacionar uma sequela com a covid-19.