O governo britânico suspende na próxima segunda-feira (19/7) todas as restrições impostas por causa da pandemia de covid-19 .
Com isso, deixam de vigorar quase todas as medidas de distanciamento social; não haverá mais exigência de uso de máscaras em grande parte dos espaços públicos; casas noturnas poderão reabrir; e limites a respeito de quantas pessoas podem se encontrar deixarão de vigorar.
A despeito disso, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, recomendou "cautela", lembrando que a pandemia não acabou.
A previsão do governo é que a atual onda de casos de covid-19 só chegue ao pico no Reino Unido em meados de agosto, causando de mil a 2 mil hospitalizações por dia — mas com o número de novos casos diários podendo chegar a até 100 mil —, o que levou alguns cientistas a criticar a estratégia de reabertura do governo.
O argumento pelo fim das restrições é que a vacinação , bastante adiantada no Reino Unido, criou uma "muralha protetora" que permitirá ao sistema público de saúde (NHS, o SUS britânico) suportar novas ondas, afirmou o secretário de Saúde, Sajid Javid.
De qualquer modo, Johnson afirmou que, para que as restrições sejam abandonadas de vez, "temos de ter uma abordagem cautelosa". "Não podemos simplesmente voltar instantaneamente, em 19 de julho, para a vida antes da covid-19", declarou.
Alguns países também reverteram (ou estão em processo de reverter) as restrições da pandemia — e os resultados são variados. Muitos foram forçados a voltar a impor restrições, diante de aumentos expressivos nos casos de covid-19.
Na contramão deles, o Brasil ainda mantém alto número de casos e mortes, em meio a uma vacinação lenta, tendo superado o total de 540 mil óbitos nesta semana.
Confira a experiência de seis deles até o momento:
Israel
Como um dos primeiros a vacinar sua população rapidamente, Israel começou a suspender as medidas restritivas ainda em fevereiro.
Em meados de junho, quando mais da metade dos israelenses adultos já havia tomado as duas doses da vacina, as pessoas foram autorizadas a abandonar o uso de máscara e retomar a vida pré-pandemia — com a abertura total de lojas, restaurantes, hotéis e cinemas.
No entanto, desde então, os casos diários confirmados de covid-19 têm crescido regularmente, muito por causa da infecciosa variante Delta , altamente infecciosa. Foram 754 novos casos em 13 de julho, número mais alto dos últimos quatro meses (só para efeito comparativo, a média móvel de novos casos diários no Brasil está em torno de 41 mil no momento).
Ao mesmo tempo, autoridades israelenses afirmam que a quantidade de casos graves e hospitalizações tem se mantido baixa, possivelmente graças ao efeito protetor das vacinas.
Mas o aumento nos casos fez o novo governo do premiê israelense Naftali Bennett rever parcialmente a reabertura. Algumas medidas reimpostas incluem o uso obrigatório de máscaras em ambientes internos e a exigência de quarentena para todos os recém-chegados em Israel.
A obrigatoriedade de máscaras foi reanunciada apenas dez dias depois de ter sido suspensa.
Holanda
Quando a vacinação decolava e o número de casos caía, no fim de junho, a Holanda iniciou sua reabertura. O uso de máscaras foi suspenso na maioria dos lugares, e jovens incentivados a voltar à vida cotidiana.
Desde então, o número de casos explodiu, chegando ao nível mais alto desde dezembro — embora essa alta não tenha resultado em um aumento expressivo de hospitalizações.
Mas o revés nos números da pandemia — foram 10 mil novos casos diários registrados no sábado passado, quantidade mais alta desde dezembro — fez com que o primeiro-ministro, Mark Rutte, pedisse desculpas pelo "erro" de ter suspendido as medidas de isolamento tão cedo.
Com isso, a Holanda voltou a impor restrições à ocupação de bares, restaurantes e casas noturnas — essas últimas voltaram a ser fechadas.
"Achávamos que seria possível (reabrir), mas na prática isso se mostrou impossível", afirmou Rutte.
O site do governo prevê que as medidas restritivas continuarão a vigorar ao menos até 13 de agosto.
Coreia do Sul
Apontada como caso de sucesso, desde o início, no controle da pandemia, a Coreia do Sul foi um dos primeiros países a elaborar um plano de reabertura.
Em junho, o país anunciou o projeto de permitir que pessoas vacinadas pudessem ficar sem máscaras em ambientes externos, a autorizar pequenas aglomerações e relaxar nas restrições ao funcionamento de restaurantes.
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Especialistas afirmaram, porém, que era arriscado baixar a guarda cedo demais, quando a maioria da população ainda não estava vacinada.
Atualmente, o país está em seu pior momento de toda a pandemia até agora.
Com recorde em número diário de novos casos , o país voltou a ter medidas de distanciamento social na maior parte de seu território. Na capital, Seul, moradores foram proibidos de realizar encontros com mais de uma pessoa depois das 18h.
Com a variante Delta se espalhando rapidamente e o ritmo da vacinação reduzindo, a confiança da população sobre a habilidade do país em conter o vírus sofreu um baque.
Suécia
Ao contrário do restante do mundo, a Suécia contou principalmente com a adesão voluntária às medidas de contenção da pandemia — o que a levou a ter os piores índices de covid-19 entre os países nórdicos —, embora tenha implementado também limites aos horários de funcionamento de restaurantes e de aglomerações em determinados lugares.
Algumas dessas restrições já foram relaxadas: estádios já permitem torcidas de 3 mil espectadores, e limites aos horários de restaurantes foram suspensos em 1° de julho. Outras restrições deixaram de vigorar nesta quinta (15/7).
Desde a primavera no Hemisfério Norte, os casos têm caído continuamente na Suécia, o que é atribuído ao aumento da vacinação e à chegada do clima quente (quando as pessoas passam mais tempo em ambientes externos).
Com os temores pelo avanço da variante Delta , viajantes com destino ao país são obrigados a apresentar resultado negativo para covid-19.
Austrália
Durante a maior parte do ano passado, os australianos desfrutaram da vida com poucas restrições: o uso de máscaras não era obrigatório, enquanto o país — com suas fronteiras fechadas — chegava a passar dias sem registrar nenhum caso de covid-19.
Quando havia surtos, autoridades rapidamente implementavam lockdowns para conter as contaminações. Um exemplo ocorreu na cidade de Perth, que passou cinco dias de janeiro completamente fechada depois da detecção de apenas um caso de coronavírus ali.
Agora, o avanço da variante Delta em Sydney, a partir de meados de junho, fez com que a maior cidade australiana fosse forçada a impor um confinamento, que deve vigorar ao menos até o final de julho.
Sydney está atualmente registrando mais de 100 casos por dia. O vírus tem se espalhado rapidamente — até mesmo durante as primeiras semanas do lockdown — em uma cidade desacostumada a restrições.
Autoridades afirmam que muitas pessoas descumpriram a obrigatoriedade de permanecer em casa e, por conta disso, as regras se tornaram mais rígidas.
Mas com mais de 90% da população não vacinada devido ao baixo estoque do imunizante, estima-se que o retorno à normalidade ainda vá demorar.
EUA
Quando a vacinação avançou no país, muitos Estados americanos começaram a suspender suas restrições, retirando a obrigatoriedade de máscaras e permitindo a reabertura dos negócios.
Em junho, a Califórnia (o Estado mais populoso dos EUA) anunciou sua "grande reabertura", enquanto Nova York revogou quase todas suas restrições quando as taxas de vacinados passaram de 70%.
De modo geral, os casos têm permanecido em números baixos, embora algumas cidades e áreas com baixas taxas de vacinação tenham se tornado polos de disseminação. Novas infecções estão em menos de 10% do que eram no auge da pandemia, em janeiro — mas é bom ressaltar que os novos casos dobraram nas duas últimas semanas.
Agora, cresce a preocupação com a variante Delta, justamente a que tem predominado nas áreas pouco vacinadas. À medida que o ritmo da vacinação desacelera, alguns Estados estão recomendando que seus moradores continuem a usar máscaras, para se proteger da variante mais infecciosa.
Na cidade de Nova York, caos aumentaram em quase um terço no intervalo de apenas uma semana — particularmente em bolsões com baixos índices de pessoas vacinadas.
As mortes também têm crescido, mas não em ritmo tão alto. Autoridades estaduais afirmam que a grande maioria dos casos de hospitalização tem ocorrido entre não vacinados.
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