Novo estudo revela diagnóstico da chamada “Covid longa”
Isabela Silveira
Novo estudo revela diagnóstico da chamada “Covid longa”

Enquanto os sintomas de infecção por coronavírus se abrandam na maioria dos pacientes após alguns dias, há um grupo de pessoas que sofre efeitos da doença por um período maior. A esse fenômeno dá-se o nome de Covid longa e realizar o seu diagnóstico não é tarefa fácil. Recentemente, no entanto, um estudo da Universidade de Cambrige desvendou o mistério: a resposta está em um tipo de impressão digital presente na corrente sanguínea.

O estudo norte-americano divulgado pela Medical Xpress indica que existem marcadores no sangue humano capazes de ajudar a identificar indivíduos que foram infectados por SARS-CoV-2, o coronavírus que causa a Covid-19.

Em suas descobertas iniciais, os pesquisadores da Universidade de Cambrige observaram que uma dessas marcações – um tipo de impressão digital biológica presente no sangue de pacientes que já haviam tido Covid-19 – seria determinante para o diagnóstico da doença, especialmente de sua forma longa.

O biomarcador desvendado por eles é uma molécula conhecida como citocina, produzida pelas células T do DNA em resposta ao coronavírus. Conforme os cientistas, essa molécula tem potencialidade de ser detectada por vários meses após a infecção pela doença – e potencialmente por anos. Consiste, portanto, em uma ferramenta mais eficaz para a realização de diagnósticos.

A grande inquietação dos cientistas até então consiste justamente em desvendar uma maneira confiável e objetiva de dizer se alguém obteve ou não a Covid-19. De acordo com eles, os testes utilizados até o momento, ainda que extremamente importantes, não são totalmente precisos.

Um paciente com doença assintomática ou leve, por exemplo, pode acontecer de não ter um diagnóstico positivo de PCR – o teste de Covid-19 mais exato – e portanto, não terá seu quadro confirmado. 

Mesmo os testes de anticorpos, que procuram células produzidas em resposta à infecção, perdem cerca de 30% de precisão conforme pesquisas, principalmente entre aqueles que tiveram a forma mais branda da doença ou que se encontram há mais de seis meses após os primeiros sintomas.

Nesse sentido, apesar dos testes de anticorpos serem atualmente considerados um dos caminhos mais certeiros para o diagnóstico da Covid-19, eles acabam por desconsiderar que nem todo mundo oferece uma resposta imunológica forte o suficiente nesse processo. E é exatamente aqui que o estudo de Cambrige inova.

Como se deu o estudo de diagnóstico da Covid longa

A equipe de cientistas norte-americanos recrutou 85 pacientes para o “Cambridge NIHR Covid BioResource’, iniciativa que coletou amostras de sangue de pacientes diagnosticados com Covid-19 pela primeira vez. Na sequência, novas amostras de sangue foram coletadas e acompanhadas em intervalos de vários meses.

O trabalho, ainda em fase inicial, já conseguiu concluir que os pacientes com a chamada Covid longa produzem um segundo tipo de citocina, que persiste em comparação com aqueles que se recuperam rapidamente. A descoberta fornece dados sobre os diferentes sintomas da doença, determinantes para o diagnóstico da Covid longa.

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“A conquista auxilia a desenvolver uma análise muito mais confiável para os indivíduos que não obtiveram o diagnóstico no momento da infecção”, afirma um dos líderes do estudo, Dr. Mark Wills, do Departamento de Medicina da Universidade de Cambridge.

Assim, além de desenvolver um teste mais preciso, os pesquisadores esperam que seu trabalho ajude a fornecer uma compreensão aprofundada de como o sistema imunológico responde à infecção por coronavírus – e por que ele dispara Covid longa em algumas pessoas.

“Uma das teorias sobre o que está conduzindo a Covid longa consiste em uma resposta imunológica hiperativa. Quer dizer que o sistema imunológico se liga na infecção inicial e, por algum motivo, nunca desliga ou não volta à linha de base”, explica o Dr. Nyarie Sithole, coautor da pesquisa.

O estudo ainda se encontra em desenvolvimento e a equipe espera agora expandir a cota de testagem para 500 pacientes, recrutados de Cambridgeshire e Peterborough. Eles buscam otimizar os testes para serem usados por laboratórios de diagnóstico clínico.

A pesquisa observou também uma melhora nos sintomas de Covid longa entre os pacientes que foram vacinados com algum imunizante. Dessa maneira, o estudo ainda fornece a capacidade de desvendar como o biomarcador sanguíneo pode mudar em resposta à vacinação, sugerindo se essa intervenção de tratamento está ou não dando certo. Até o momento, tem funcionado.

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