O Ministério da Saúde afirmou nesta terça-feira que ainda não considera o uso de proxalutamida , apelidada de "nova cloroquina" de Jair Bolsonaro , no combate à Covid-19. Segundo a pasta, os resultados de testes da droga em andamento pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) serão analisados antes de tomar uma decisão.
O medicamento, que não têm eficácia comprovada contra o coronavírus, atua como bloqueador de andrógenos. Na prática, de acordo com a bula, a droga impede que as células identifiquem hormônios masculinos, como testosterona. Por isso, é indicada no tratamento contra o câncer de próstata e de mama.
"O Ministério da Saúde tem ciência de estudos iniciais em andamento para verificar segurança e eficácia do uso da proxalutamida para tratamento da Covid-19. A Pasta destaca que aguardará a conclusão da pesquisa, já autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para avaliar o uso do medicamento", comunicou a pasta, em nota enviada ao GLOBO.
A agência reguladora autorizou as pesquisas, ainda iniciais, na segunda-feira. Além do Brasil, outros seis países participam dos testes: Alemanha, Argentina, África do Sul, Estados Unidos, México e Ucrânia. A Anvisa não informou o total de voluntários, mas serão 38 em São Paulo e outros 12 em Roraima. O estudo é patrocinado pela empresa chinesa Suzhou Kintor Pharmaceuticals.
Um dia antes, o presidente citou o medicamento como uma alternativa no combate à Covid-19 ao receber alta do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde estava internado. Também disse que cobraria o ministro Marcelo Queiroga para realizar estudo. Após os comentários, as buscas pelo remédio dispararam na internet.
"(A proxalutamida ) é uma droga que está sendo estudada e que em alguns países têm apresentado melhora. Existe no Brasil de forma não ainda comprovada cientificamente, de forma não legal, mas tem curado gente. Vou ver se a gente faz um estudo disso daí para a gente apresentar uma possível alternativa. Temos que tentar. Tem que buscar alternativas e, com todo respeito, eu não errei nenhuma. Até quando, lá atrás, eu zerei os impostos da vitamina D", declarou Bolsonaro no domingo.
Como revelou a colunista Malu Gaspar, do GLOBO, os estudos conduzidos sobre a proxalutamida têm indícios de fraude e falhas graves e, preocupa cientistas. Há o risco de os organizadores da pesquisa terem deixado um grande rol de voluntários morrerem desnecessariamente durante os testes. Outros medicamentos defendidos por Bolsonaro contra a doença, como cloroquina, azitromicina e ivermectina, têm ineficácia comprovada contra o coronavírus.