Por violação das políticas do YouTube, a plataforma removeu, nesta semana, 15 vídeos do canal oficial do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Segundo a rede, eles violaram as políticas de informações médicas ao divulgar medidas comprovadamente ineficazes contra a Covid-19, como uso dos medicamentos cloroquina e ivermectina.
Das 15 gravações removidas, 14 são lives apresentadas pelo presidente às quintas-feiras. Os vídeos eram de 2020 e 2021. Em dois deles, Bolsonaro estava ao lado do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves.
Em uma das lives excluídas da plataforma, Pazuello comparou, ao lado do presidente, a pandemia do novo coronavírus com a AIDS, doença causada pelo vírus HIV. O então ministro citou as doenças sob o argumento de que “a vida segue”. “Pós-pandemia do HIV, o HIV continua existindo, continuam existindo alguns que são contaminados, a maioria se trata, e a vida que segue. É assim que vai ser também com o coronavírus”, afirmou.
Em outro vídeo removido, a médica Nise Yamaguchi recomenda, em uma entrevista à CNN Brasil, o uso de cloroquina e ivermectina para tratar Covid-19. Ao ser perguntada sobre as discordâncias entre o então ministro da Saúde, Nelson Teich, e o presidente sobre os medicamentos, ela defendeu o uso. “Acho que não existe indefinição, a questão é que já está liberado hidroxicloroquina e a cloroquina no Ministério da Saúde”, afirmou a médica. “Tem alguns ajustes que precisam ser feitos, porque ali não está constando nem azitromicina nem zinco, fala que pode ser feito, mas o ideal seria estar em um protocolo bem orientado”, disse, na ocasião.
Posição do YouTube sobre a remoção dos vídeos
Em nota, o Youtube diz que as regras da plataforma “não permitem conteúdo que afirma que hidroxicloroquina e ivermectina são eficazes para tratar ou prevenir Covid-19”.
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“Após análise cuidadosa, removemos vídeos do canal Jair Bolsonaro por violar nossas políticas de informações médicas incorretas sobre a Covid-19. Nossas regras não permitem conteúdo que afirma que hidroxicloroquina e/ou ivermectina são eficazes para tratar ou prevenir Covid-19; garante que há uma cura para a doença; ou assegura que as máscaras não funcionam para evitar a propagação do vírus”, diz o comunicado da empresa à imprensa.
Caso Bolsonaro volte a violar as regras do Youtube, o canal poderá ficar suspenso por uma semana. Em caso de reincidência, ele poderá ter a conta excluída definitivamente. O presidente foi notificado sobre essas medidas.
Não é a primeira vez que Jair Bolsonaro tem vídeos removidos da plataforma
Essa não é a primeira vez em que Bolsonaro tem vídeos excluídos pelo YouTube. Em abril deste ano, a plataforma bloqueou cinco de seus vídeos em razão de divulgação de desinformação sobre a Covid-19. Já em maio, outros 11 vídeos foram excluídos do canal do presidente.
De acordo com o jornal O Globo, além do YouTube, desde o início da pandemia, Twitter, Facebook e Instagram vêm excluindo publicações de Bolsonaro que menosprezavam a pandemia de Covid-19, como o vídeo de um passeio do presidente por cidades do Distrito Federal, durante o qual o presidente se posicionava contra o isolamento social.
Um outro vídeo apagado nas três redes sociais, no ano passado, mostrava Bolsonaro conversando com um ambulante sem o uso de máscara e defendendo que as pessoas continuem trabalhando. Em determinado trecho, ele concorda quando uma das pessoas diz que “tem que abrir os comércios e trabalhar normalmente”.
Removido apenas do Twitter, outra gravação mostra Bolsonaro entrando em um supermercado, voltando a provocar aglomerações. Nesse vídeo, ele criticava as medidas de isolamento e dizia para jornalistas que “o país fica imune quando 60%, 70% forem infectados” e que um remédio contra o coronavírus “já é uma realidade”.