O Laboratório de Imunologia do Incor informou com exclusividade ao GLOBO que a solicitação para aprovação do início dos testes clínicos em humanos da vacina em spray contra Covid-19 desenvolvida no país será enviada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nesta quinta-feira. Este será o segundo imunizante brasileiro a ter autorização solicitada à Anvisa. O primeiro, é a Butanvac, desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, cujos testes começaram em julho.
A autorização solicitada à Anvisa é para a realização dos testes clínicos de fase 1 e 2, que busca avaliar a imunogenicidade, a segurança, o melhor esquema de vacinação - se com uma ou duas doses - e o escalonamento das doses. Ao GLOBO, o imunologista Jorge Kalil, diretor do Laboratório de Imunologia do Incor e coordenador da pesquisa, revelou que a previsão é iniciar os testes no início de 2022. A duração estimada desta fase é de dois a três meses.
No total, o estudo contará com 280 voluntários, divididos em sete grupos. A ideia, segundo Kalil, é testar a nova vacina como reforço em pessoas que já completaram o esquema de imunização.
O imunizante do Incor tem alguns diferenciais em comparação à Butanvac e às vacinas em uso no país. Além de ser o primeiro imunizante completamente desenvolvido em território nacional - sua produção começou em abril de 2020 -, a forma de aplicação é via spray nasal, o que tem o potencial de aplacar a infecção na porta de entrada do vírus no organismo. Atualmente, todas as vacinas disponíveis contra o novo coronavírus são em forma de injeção.
-- As vacinas atuais evitam a doença, mas as pessoas ainda podem transmitir o vírus. Nós queremos que o indivíduo desenvolva uma boa resposta no local que o vírus chega ao organismo ao aumentar bastante as imunoglobulinas IGA, que protege as mucosas, e com isso parar a transmissão e, consequentemente, a pandemia --, explica o imunologista.
Atualmente, outros grupos ao redor do mundo se dedicam ao desenvolvimento de um imunizante em spray contra a Covid-19. -- Agora todos viram que essa é uma boa estratégia, mas nós somos pionieros em todo o conceito. Do antígeno, do local de imunização, tudo --, afirma Kalil.