A Polícia Federal determinou que o paranaense Douglas Bozza cometeu crime de ameaça, depois de enviar email a cinco diretores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) jurando morte a quem "atentasse contra vida de seu filho" por causa da vacina obrigatória contra Covid-19.
O inquérito, concluído no mês passado, estava aberto desde outubro.
Quando Bozza enviou as ameaças, em outubro, a Anvisa começava a debater a vacinação a partir dos 5 anos. Na última semana, a agência voltou a ser alvo de ataques com a aprovação do uso da Pfizer em crianças. Uma nova investigação foi aberta nesta segunda (20) após nova solicitação de integrantes da agência.
"Por identificar uma ameaça contra a saúde e integridade do meu filho nestas vacinas experimentais, sejam o que forem (sic), estou tomando a difícil atitude de retirá-lo do ambiente escolar" , dizia a mensagem enviada.
"Deixando bem claro para os responsáveis de cima para baixo: quem ameaçar, quem atentar contra a segurança física do meu filho, será morto" , completou Bozza no email.
Ao delegado da PF, os cinco diretores disseram que a ameaça resultou em uma situação de vulnerabilidade. Enquanto isso, o autor das mensagens eletrônicas alegou que existem provas de "que as vacinas são uma ameaça para as crianças" e que quis fazer "um pouquinho de terrorismo" com os técnicos da Anvisa.
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Segundo Bozza, o email foi enviado após ele ter pedido documentos à Anvisa e para a Secretaria de Saúde do Paraná e ser ignorado.
"O declarante afirma que a possível ameaça/determinação feita por correio eletrônico seria uma maneira de ambos começarem a se respeitar" , diz o relatório da PF ao qual o Painel teve acesso.
Na conclusão do caso, o delegado afirmou que "restou claro" que o email seria mais que uma ameaça e "ocasionou considerável temor nas vítimas".
"Tal ameaça se torna, ainda mais preocupante para as vítimas, em virtude do atual momento pandêmico que o país atravessa, aliado à polarização político-ideológica que se espraia no terreno das ciências, tornando simples factoides em verdades absolutas, a serem defendidas com o próprio sangue, se for entendido como necessário", escreveu o delegado.
A PF, entretanto, por se tratar de crime com menor potencial ofensivo, não indiciou Bozza. Caberá ao Ministério Público Federal decidir se denuncia ou faz um acordo para transação penal. A pena prevista para esses casos é de 1 a 6 meses de prisão ou multa.