Vacinação de crianças foi aprovada no Brasil, mas ainda não tem data oficial para começar
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Vacinação de crianças foi aprovada no Brasil, mas ainda não tem data oficial para começar

Apenas no Brasil, desde março de 2020, quando a pandemia de covid-19 começou, mais de 34 mil crianças foram internadas com a doença. Isso significa que no país, a cada duas horas uma criança é hospitalizada em decorrência das complicações.

Mas os números não parecem suficientes para que a vacinação de crianças entre 5 a 11 anos, que recebeu o aval das principais agências regulatórias do mundo, e mais recentemente, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil, fosse tratada com celeridade.

Para a Dra. Flavia Bravo, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), a tendência não é de refresco nas estatísticas - pelo contrário. O vírus vai cumprir o papel que se espera: atingir ainda mais pessoas que não tiveram acesso aos imunizantes.

"De 2020 para 2021 houve um crescimento na proporcionalidade da doença em crianças, e hoje nós temos números que não podem ser ignorados. Desde o início da da pandemia já internamos 34 mil crianças. Mais de 6 mil crianças tiveram síndrome respiratória aguda grave. Então nós não podemos menosprezar esses números! A quantidade de crianças que está adoecendo - e que você não sabe se vai ser a sua, e como que vai acontecer com o surgimento de novas variantes", explica.

"Do ponto de vista de doença, não podemos menosprezar esse número, uma vez que eu já tenho outras faixas etárias vacinadas e agora eles que são as vítimas. Quem que o vírus vai pegar? Quem não está vacinado na maioria das vezes, que é o a gente está vendo no aumento de internações por Ômicron no mundo. A maior parte, de não vacinados ou vacinados parcialmente. São as pessoas que sobram pro vírus se disseminar e se procriar. Então é esse é o ponto importante que fez com que as autoridades de saúde do mundo inteiro passassem a se preocupar com a faixa etária pediátrica".

A especialista em imunização explica que no início da pandemia, era consenso na comunidade médica de que as crianças "adoeciam menos", por isso a decisão de focar as campanhas no público idoso.

"Estávamos em uma situação de pouca vacina e muitas mortes entre adultos, idosos e pacientes com comorbidades. Era preciso tomar uma decisão de saúde pública e ir escalonando de acordo com a disponibilidade de vacina e análise epidemiológica", diz.

Além disso, as crianças não eram vistas como vetores de transmissão, como no caso da gripe. "Hoje, com a situação de vacinação atual, são elas responsáveis também pela tranmissão", alerta a Dra.

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"Sabemos que mesmo quem já teve covid-19 ou já foi vacinado pode adoecer de novo diante de novas variantes. O vírus está fazendo seu trabalho de melhor se adaptar a classe humana, e as crianças passam a ser as maiores vítimas, com maiores chances de transmissão".

Ontem (4), o ministro Marcelo Queiroga afirmou que o país recebera as doses especiais para crianças na 2ª quinzena de janeiro. Essa é a segunda previsão do titular da pasta. Na véspera do Ano-Novo, ele disse que seria possível contar com o imunizante ainda na 1ª quinzena do ano.

Ele garantu que a vacina estará disponível para "todos os pais e mães que quiserem". A questão, no entanto, desagrada parte do governo. O próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que não vacinará sua filha Laura, de 11 anos.

A Dra. Flavia tranquiliza a população quanto à segurança das vacinas, e embora lembre que ela não impeça o contágio, faz com que o individuo contaminado apresente uma carga viral menor, ou seja, transmita menos. "Eu contribuo pra diminuição da transmissão vacinando essa população", afirma.

"Em relação à segurança, a gente tem que lembrar que as vacinas já são utilizadas em adultos, já estamos no segundo ano de vacinação com bilhões de vacinados. E já temos mais de 8 milhões de crianças e adolescentes vacinados em outros países que estão sendo acompanhados. Os estudos que foram feitos para suportar a autorização dessas vacinas para a faixa etária estão se confirmando, no que diz respeito à segurança e eficácia. A efetividade tem sido melhor que o esperado".

"O risco de miocardite e pericardite pela covid-19 é muito maior que pela vacina. Existe risco de efeito adverso? Existe. Como para toda e qualquer vacina. Mas o perfil de segurança dela permitiu que todas as agências que a aprovaram, e são mais de 10 países usando, a vigilância de eventos adversos continua sem verificar reações graves".

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