Um levantamento de uma associação que representa empresas de telemedicina aponta que os atendimentos utilizando a tecnologia dobraram entre o período de Natal e Ano Novo de 2021. Segundo a Saúde Digital Brasil, em média, eram realizados 7 mil atendimentos. O número chegou para 15 mil.
"Desde o começo do mês de dezembro notamos um aumento na quantidade de
atendimentos, especialmente ligados a síndromes gripais; na semana que
antecedeu o natal vimos um aumento de 50% e agora vemos um movimento muito
mais importante do que tivemos durante todo período". Explica Caio Soares, presidente da organização que congrega empresas do mercado privado.
O presidente da organização afirma que o crescimento no número de atendimentos pode auxiliar na identificação do adoecimento da população com alguns dias de antecedência.
"Realizando uma análise estatística com base nas curvas de crescimento dos atendimentos via telemedicina, no caso da Covid-19, por
exemplo, percebemos que eles permitem antecipar a informação entre cinco e
sete dias em relação ao que é observado no presencial. Ou seja, se já há uma
tendência crescente antes das festas, imagine durante este período em que as
pessoas tendem a relaxar com os cuidados”, ressalta.
O uso da telemedicina foi popularizado e autorizado no Brasil a partir do início da pandemia de covid-19, ainda em 2020, em uma tentativa de evitar que as pessoas se dirigissem aos hospitais que estavam superlotados em razão da doença.
A dinâmica de atendimento é semelhante a presencial, e atualmente é possível receber receitas, pedidos de exames e documentos sem a necessidade do deslocamento "de maneira mais segura", afirma o especialista.
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"[Os documentos] são emitidos com assinatura digital e controle muito
maior, com a vantagem de não precisar expor ninguém ao risco de contágio
presencial".
Futuro da telemedicina
O artifício era previsto pelo Conselho Federal de Medicina desde 2000, mas ainda era barrada por uma falta de normatização. A legislação atual, que permite os atendimentos, foi aprovada pela Câmara dos Deputados em caráter excepcional e prevê a liberação durante o período de enfrentamento à pandemia.
"Com a pandemia, vimos a realidade totalmente alterada, e houve uma normatização rápida por um despacho do Conselho Federal de Medicina, em março de 2020, determinando que estava autorizada a telemedicina. Já em março, foi sancionada a lei da telemedicina, que considero precária e curtíssima, autorizando a possibilidade da telemedicina em todo território nacional", explica a advogada Thaís Maia, especialista em biodireito e saúde e sócia do Maia & Munhoz Consultoria e Advocacia.
"Tanto que ficou a dúvida do momento em que saímos do status de pandemia se a telemedicina voltará a não ser possível, já que o contexto dela foi em período pandêmico", afirma.