Nesta segunda-feira (24), entidades médicas vão entregar uma carta ao Ministério da Saúde pedindo a revisão da nota técnica assinada pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos da pasta, Hélio Angotti Neto, que diz que as vacinas contra a Covid-19 não funcionam e defende o uso da hidroxicloroquina
— medicamento com ineficácia comprovada cientificamente no tratamento da doença
.
A afirmação contraria posição da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e dos especialistas.
A carta conta com a adesão da Associação Médica Brasileira, Sociedade Brasileira de Infectologia, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira.
Além disso, mais de 61 mil docentes, pesquisadores e profissionais da saúde já assinaram uma carta de repúdio ao texto divulgado na última sexta-feira (21).
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"Nos sentimos perplexos quando lemos a vasta lista de estultices apresentada pela nota técnica em epígrafe. Resumidamente, a nota rejeita as normas de tratamento recomendadas por pesquisadores e médicos com experiência no tema, em favor de tratamentos não validados", diz a petição , acrescentando que o texto é um "exemplo primoroso de desinformação, ao apontar evidências conclusivas de efeitos positivos da cloroquina e negar a certeza dos benefícios das vacinas".
A nota da Saúde vai contra a recomendação da Comissão de Incorporação de Tecnologias ao SUS (Conitec) de rejeitar o uso de medicamentos do chamado kit Covid para o tratamento da doença .
Hoje, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Felipe Rigoni (PSL-ES) entraram na Justiça com um pedido de afastamento imediato de Angotti do cargo , sob a justificativa de que os termos usados no parecer "são inequivocamente falsos" e a posição do secretário representa "grave prejuízo".