Uma nova vacina contra a covid-19 desenvolvida pela farmacêutica francesa Sanofi em parceria com o laboratório britânico GSK demonstrou ter eficácia de 100% contra hospitalizações e casos graves da doença após a aplicação de duas doses, de acordo com as fabricantes.
Segundo os resultados parciais divulgados na quarta-feira (23/2) e que ainda não foram publicados, o imunizante apresenta uma eficácia ligeiramente superior a 50% para sintomas da covid.
Os dados foram obtidos na terceira fase de testes clínicos. De acordo com a Sanofi, eles estão "de acordo com a eficácia esperada em um ambiente dominado por variantes preocupantes".
Dessa forma, a farmacêutica anunciou que irá solicitar a aprovação formal da vacina nos Estados Unidos e na União Europeia.
Se o imunizante for autorizado, será o fim de uma longa jornada para ambas as empresas farmacêuticas responsáveis por sua produção, já que a previsão inicial era que o medicamento começasse a ser comercializado em meados de 2021.
A vacina foi uma das quatro que recebeu bilhões de dólares em financiamento da Operação Warp Speed, um programa criado em maio de 2020 pelo governo do ex-presidente americano Donald Trump para acelerar o desenvolvimento de imunizantes contra a covid-19.
A vacina
O imunizante da Sanofi utiliza tecnologia de proteína recombinante com adjuvante. Essa técnica usa uma versão ligeiramente modificada da proteína do vírus, chamada de S ou Spike, para acionar o sistema imunológico.
Segundo seus fabricantes, ele poderá ser usado como dose de reforço combinado com outras vacinas feitas com RNA mensageiro ou adenovírus.
"Nos participantes que receberam uma série primária de uma vacina de mRNA ou adenovírus já autorizada, a vacina de reforço Sanofi-GSK induziu um aumento significativo de anticorpos neutralizantes em todas as plataformas de vacina e faixas etárias", diz o comunicado divulgado pelas fabricantes na quarta.
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Segundo o vice-presidente executivo da Sanofi Vacinas, Thomas Triomphe, o imunizante demonstra capacidade universal de aumentar a proteção entre pessoas de todas as idades já vacinadas com duas doses por outras vacinas.
"Também observamos uma eficácia robusta da vacina como série primária no ambiente epidemiológico desafiador de hoje. Nenhum outro estudo de eficácia de Fase 3 foi realizado durante este período com tantas variantes preocupantes, incluindo a Ômicron, e os dados de eficácia obtidos são semelhantes aos dados clínicos de outras vacinas já autorizadas", disse o executivo na nota divulgada pela empresa.
Atrasos e contratempos
Os laboratórios Sanofi e GSK enfrentaram uma longa jornada nos últimos meses para apresentar resultados positivos para sua vacina.
Originalmente, as empresas esperavam anunciar os resultados positivos em meados de 2021. Mas a data foi adiada em seis meses devido a um erro na dosagem da vacina.
No final do ano passado, a entrega dos dados foi adiada novamente por conta de dificuldades em encontrar pessoas que nunca haviam sido infectadas com a covid-19 para participar dos testes.
A Sanofi ainda abandonou um projeto de vacina anterior baseado na tecnologia de RNA mensageiro, a mesma utilizada pelos imunizantes da Pfizer/BioNTech e Moderna.
Antes desses contratempos, a União Europeia havia fechado um contrato e encomendado mais de 300 milhões de doses de vacina da farmacêutica francesa.
Com o anúncio sobre os resultados positivos, há esperança de que o imunizante da Sanofi possa atrair interesse dos europeus que ainda não se vacinaram.
Muitos dos cidadãos que ainda estão reticentes se dizem céticos em relação à tecnologia de RNA mensageiro, apesar das inúmeras evidências sobre sua eficácia e segurança.
A divulgação dos dados também causou animação nos mercados, e o preço das ações da Sanofi subiu quase 1,5% na Bolsa de Paris no meio do pregão.
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